Após invasão, lixo jogado pela prefeitura e desobediência judicial, agora sítio teve fogo na cana: só coincidência?

Fogo foi colocado justamente onde máquinas da prefeitura invadiram o sítio, situação que já está na Justiça (FOTO: Arquivo pessoal/Reprodução)

Proprietários do Sítio Ave Maria em Jaú estão assustados e surpresos com as muitas coincidências ocorridas nos últimos 60 dias. Primeiro, sob pretexto de nivelar a estrada rural que passa ao lado da propriedade, a prefeitura invadiu o local, enterrou a cerca da divisa e usou até lixo doméstico e hospitalar para fazer aterramento; depois, descumprindo ordem da Cetesb para remover o lixo e decisão judicial contra nova invasão de propriedade, voltou ao local e jogou terra por cima de tudo. Por fim, na tarde da 4.a feira (26), os proprietários foram surpreendidos com fogo na cana.

Focos de fogo se espalharam pela cana, que ainda não estava no ponto de corte: prejuízo (FOTO: Reprodução)
Proprietários do sítio agiram rápido, mas não conseguiram controlar as chamas (FOTO: Reprodução)

“Apesar da época seca propícia para fogo, são muitas coincidências para um lugar só. Não acuso ninguém, nem posso, mas essa quadra de cana que puseram fogo é a mesma onde tivemos todos os problemas anteriores e estamos brigando na Justiça contra os abusos que cometeram”, disse o engenheiro Gabriel Criscuolo, um dos donos do sítio. “Essas coincidências assustam a gente, esse fogo foi criminoso e trouxe prejuízo para nós, para o vizinho, que também teve cana queimada, perda do adubo colocado na terra, e prejuízo para o meio ambiente e as pessoas, por causa da fumaça toda. Isso precisa ser investigado”.

O advogado Luiz Carlos Magri, que atua na defesa dos donos do sítio, disse ao HORAH que jamais viu “tanta truculência” assim. “O Poder Público tem que tomar todo o cuidado de fazer as coisas pela via legal, que não foi o caso dessa administração de Jaú. Para essa operação, devia ter feito o devido processo administrativo, seja de desapropriação ou outro meio legal, mas não à revelia”, comentou, visto que a prefeitura alega que o sítio invadiu espaço da estrada rural no passado e o município precisa ser ressarcido. “Falam isso sem qualquer base legal, porque temos toda a documentação de décadas provando que não aconteceu nada disso”, afirma o proprietário Gabriel.

O fogo na cana foi registrado justamente no local em que a prefeitura invadiu a lavoura de 5 a 6 metros para dentro da propriedade, e cortou a cana; desses pontos, se alastrou para o canavial, que ainda não estava no ponto de corte. Gabriel e o advogado Magri falam em incêndio criminoso. Questionado pela reportagem se pode ter partido das mesmas pessoas que agiram de maneira truculência anteriormente, o advogado foi taxativo: “Acredito que sim, pelo fato que eles nem atenderam a determinação judicial de se absterem de continuar as operações que vinham fazendo; e de terem tentado esconder o lixo que jogaram lá, cobrindo com terra, para dizer que a situação está regularizada, o que não é verdade”.

Os boletins de ocorrência policial já registrados antes e o do fogo, ontem, reforçam pedido no processo de multa diária contra a prefeitura. O advogado está notificando também a Cetesb para fazer “novos laudos e determinar essa situação negativa” e já comunicou a Justiça do descumprimento da ordem para a prefeitura não invadir mais a propriedade.

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