
O enredo se repete: improbidade administrativa, agora com desvio de valores de contratos públicos da Prefeitura de Bariri, região de Jaú, por meio de exigência de propina; empresas do transbordo estão envolvidas
Faltando quatro dias para a sessão de cassação do mandato do prefeito Abelardinho Simões (MDB) por quebra de decoro constatada por Comissão Processante (CP) na Câmara Municipal, o Ministério Público (MP) de Bariri faz nova acusação contra o chefe do Executivo. O enredo é o mesmo das denúncias que já provocaram operações do Gaeco em agosto, indiciando sete pessoas e prendendo quatro delas, e levaram à Processante no Legislativo: improbidade administrativa com dolo. A situação política (e cível e criminal) de Abelardinho torna-se insustentável.
Em 11 páginas, o promotor Nelson Aparecido Febraio Jr resume declarações prestadas ao MP e apurações feitas em inquérito civil que revelam “desvio de dinheiro em contrato de transbordo de lixo”, manobra que “teria sido efetuada sob as ordens e ciência do prefeito”, arquitetada dentro do gabinete dele. A propina exigida por Abelardinho, segundo o promotor, teria sido paga “em dinheiro vivo a fim de não deixar vestígios em contas bancárias”.

A orquestração teria começado antes, com fraudes para tentar direcionar a licitação do transbordo “com participação direta de Flávio Della Colleta, Abílio Giacon Neto e Vinícius Ferrencile, representante da VFN Engenharia e Serviços”, descreve Febraio Jr. Vinícius venceria, mas renunciaria ao contrato para que Giacon assumisse; porém, outra empresa participante da disputa furou os planos, insistiu na redução dos preços e acabou desclassificada, passando a denunciar toda a armação.
O promotor apresenta “provas documentais” e até decisão judicial em mandado de segurança, que dão credibilidade às denúncias. Inclusive das propinas exigidas pelo prefeito Abelardinho e até de pagamentos que deviam beneficiar outras pessoas, como um “amigo pessoal” que não podia ocupar cargo comissionado por falta de escolaridade. Os pagamentos eram repassados por meio da empresa VJ Coleta e Urbanização, “usada para serviços laranjas”, diz o promotor de Justiça. O proprietário, segundo a acusação, tem um lava-jato, nunca teve relação com o Município, mas a empresa figurou em contratos públicos, inclusive de tapa-buracos no primeiro semestre de 2022.
A denúncia apresentada agora pelo promotor Nelson Febraio Jr, que é do Gaeco e teve participação efetiva nas operações de agosto na prefeitura de Bariri por causa de fraude à licitação da limpeza pública, vencida pela Latina Ambiental, foi assinada nesta 6.a feira (10). O prefeito foi oficiado e tem 24 horas para apresentar documentação exigida pelo MP. Segundo o promotor, no último dia 7 o Tribunal de Justiça (TJ) também autorizou investigação criminal contra Abelardinho neste caso.
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