Antes apenas notícias nas redes sociais sobre cobrança de propina de empresas prestadoras de serviços para a Prefeitura para pagamento de PIX a apoiadores da reeleição do prefeito Ivan Cassaro e ataques a adversários em 2024, agora os fatos vão ser apurados por uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) na Câmara de Jaú. Batizada de CEI do Gabinete Paralelo, o próprio nome indica a existência de uma estrutura de comunicação e até de advogados para sustentar o esquema.
A opção pela CEI surgiu após reunião aberta realizada na manhã desta 2.a feira 30 na Câmara, em que foram ouvidos o advogado Luís Vicente Federici, ameaçado de morte por atuar em ação judicial do PIX, e os jornalistas Rodrigo Boni e Glauber Cardoso, sendo o último responsável por dezenas de Atas Notariais e centenas de áudios que, de uma maneira ou outra, vazaram nas redes sociais. Eles confirmaram a existência do Gabinete Paralelo, deram detalhes de quem de dentro da administração pagava e quem recebia para enaltecer Ivan na eleição.
Vereador Mateus Turini observou que se o esquema tivesse sido pago com dinheiro particular já seria grave, porque não há nenhuma prestação de conta eleitoral; mas tudo indica que tenha sido financiado com recursos públicos, o que agrava ainda mais o que foi divulgado. “Primeiro estamos propondo a CEI e, quem sabe, depois, uma Comissão Processante com poder inclusive para cassar o prefeito”, disse. O requerimento da CEI foi proposto com cinco assinaturas (Dani Rodrigueiro, Mateus, Fábio Souza, Rafaela Hernandez e Dr. Paulo de Tarso); a sexta assinatura que viabilizou a abertura da investigação foi dada pelo vereador Tito Coló. “Quem não deve não teme”, justificou ele.
“Diante do que soubemos hoje, a CEI é necessária para ouvir todos os lados, com direito a ampla defesa, e apontar as conclusões a quem de direito”, afirmou Dani Rodrigueiro, que pediu aos colegas que não fossem subservientes a ninguém nessa hora. Ela também disse que o secretário do Planejamento Urbanístico Neto Leonelli, citado “como um dos articulares do Gabinete Paralelo” e convidado para a reunião aberta de hoje, mas não compareceu, não sofrerá nenhuma sanção – afinal de contas, foi apenas convite, nada mais do que isso.
Com a abertura da CEI, agora o presidente Jefferson Vieira vai indicar os membros e, como a proposta foi do vereador Mateus Turini, caberá a ele a presidência e a escolha do relator e secretário. Mateus acha que as informações estão de tal forma provadas que a CEI não exigirá sequer os 120 dias de praxe para concluir as apurações, talvez na metade do tempo. Na sessão da Câmara dessa noite, teve também posicionamentos contrários de aliados da administração, como Fernando Toledo e Rodrigo Ávila.
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