Caos: moradores estão sem água há 24 horas; concessionária culpa ‘fortes chuvas’

Com ameaça de falta d'água de novo, é preciso armazenar o que for possível até para descarga (FOTO: Reprodução/Arquivo pessoal)

Moradores dos bairros do extremo norte de Jaú, como Altos da Cidade e Frei Galvão, estão há mais de 24 horas sem água. As reclamações inundaram os grupos nas redes sociais na noite de ontem (14) e continuam na manhã desta 5.a feira (15). “É pela segunda vez que simplesmente nos deixam sem água e não avisam nenhum morador”, se queixou a moradora que se identifica como Neiva, do Altos da Cidade, dizendo que não sabe mais a quem reclamar. “A gente trabalha, a gente levanta cedo e como faz desse jeito, sem banho, sem água na torneira nem pra beber? É uma falta de respeito com a população”, acrescentou a moradora Michele, mãe de três crianças e que às 5h20 de hoje mandava mensagem para o HORAH dizendo que tinha “só uma garrafa de dois litros de água em casa”.

O pouco de água que as pessoas conseguem não é suficiente para lavar nem a louça, que se acumula na pia (FOTO: Reprodução)
Roupa suja também está à espera de água nos altos da cidade (FOTO: Reprodução)
Em abril do ano passado, Ivan esmurrou a mesa e disse ao representante da concessionária Águas de Jahu que “agora Jaú tem prefeito” para enfrenta-la: ficou só no discurso (FOTO: Reprodução web)

Neiva informou à reportagem que já foram feitas reclamações “e protocolos na Águas de Jahu, e nada foi resolvido” até agora. Trata-se da concessionária dos serviços de água e esgoto da cidade desde 2013, que ainda não conseguiu apresentar solução para esse problema crônico. Em nota distribuída na noite de ontem, a empresa, com sede no Rio de Janeiro, informou que a falta d’água é “devido às fortes chuvas que atingiram a região” e que deixaram a Estação de Tratamento de Água (ETA) da fornecedora Águas de Mandaguahy “paralisada”. A nota complementa dizendo que a ETA “teve que interromper o tratamento (de água) na estação”, afetando consequentemente o abastecimento de parte da população, relacionando mais de 30 bairros prejudicados.

“Como é que eu vou trabalhar agora, fedendo porque não consegui tomar banho ontem? Não sei como vou me virar pra fazer comida, beber, dar água para meus filhos. Não sei o que faço”, desabafa a moradora Michele, dizendo-se totalmente indignada com o problema que vira-e-mexe se repete sem qualquer aviso à população. “Não temos água na caixa sequer pra dar descarga no banheiro, as torneiras estão vazias”, pontuou a moradora Alessandra, dizendo que ia sair agora cedo para “comprar ao menos uma garrafa de água pra beber”. Pior é que a nota de ontem da concessionária observa: “Não há previsão para a normalização das atividades” na ETA, motivo pelo qual “recomenda que os moradores façam uso consciente da água até a volta à normalidade no abastecimento”.

A concessão dos serviços de água da cidade foi acompanhada da transformação da antiga autarquia pública em Agência Reguladora Saemja (Serviço de Água e Esgoto do Município de Jaú), cuja diretoria é nomeada diretamente pelo prefeito. Nos dois anos da gestão de Ivan Cassaro a agência já está na terceira diretoria: a primeira remanescente da administração anterior e as outras duas indicadas pelo atual prefeito. A população reclama que a reguladora nunca resolve nada e que problemas como este, de falta crônica de água, são imediatamente transferidos para a concessionária, criando uma espécie de jogo-de-empurra. Até o momento não foi emitida nenhuma nota oficial da prefeitura sobre o problema.

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