Com 5 cargos comissionados e 3 operacionais, prefeitura cria mais uma secretaria

Mateus Turini foi contra criar secretaria a essa altura do governo; Rodrigo, cotado para assumir a pasta, defendeu (FOTOS: Reprodução TV Câmara)

A nova Secretaria de Proteção e Defesa Civil é a 21.a dentro da estrutura administrativa da prefeitura de Jaú; às vésperas de ano eleitoral, o número aumenta ao invés de diminuir, contrariando o que foi prometido em campanha

A Prefeitura de Jaú mandou projeto em regime de urgência para a Câmara Municipal criando a 21.a secretaria dentro da estrutura administrativa atual, às vésperas de ano eleitoral. Ao invés de diminuir o número de secretarias, como prometeu em campanha, o prefeito Jorge Ivan Cassaro ampliou ainda mais e criou cargos comissionados de livre nomeação política, outra contradição com o que foi falado em 2020.

“São cinco caciques para três índios. O que me cheira isso? Acertar o time político para garantir (…) um apoio para as eleições do ano que vem”, resumiu o vereador Mateus Turini, que votou contra a criação da Secretaria de Proteção e Defesa Civil. Os novos cargos criados foram de agente administrativo e dois de serviços gerais, que são os operacionais concursados; e de secretário, secretário-adjunto, assessor e dois diretores, que são os de confiança.

“Quando leio o projeto encontro no impacto orçamentário apenas a folha de pagamento: R$ 55 mil para este ano e R$ 726 mil para o ano que vem”, observou Mateus, criticando ainda “o erro estratégico de confundir serviço de defesa civil com secretaria de defesa civil”. Segundo ele, os pontos positivos foram a criação do Fundo de Defesa Civil, da Coordenadoria de Defesa Civil e do Conselho de Defesa Civil. “Ótimas iniciativas que por si só resolveriam tudo, sem a necessidade de uma secretaria. A pergunta é? Por que demorou tanto para fazer isso?”

Já o vereador Rodrigo de Paula, que tem histórico como voluntário no socorro a vítimas de tragédias como desmoronamentos e deslizamentos de encostas, e que é cotado para assumir a nova secretaria em Jaú, defendeu a iniciativa do governo Jorge. “O que a cidade ganha com isso? Recursos em esferas estadual e federal, que para a Defesa Civil são gigantescos e com condições de trazer muitas obras para a cidade”, explicou, citando ainda “a prevenção e mitigação de ações de risco” contra tragédias naturais.

Rodrigo disse que não haverá custo de locação de prédio e que as despesas serão “mínimas” para o trabalho da nova secretaria. Porém, criticou resistências dentro do próprio governo. “Teve secretário que acabou de ligar pra vereador aqui pedindo pra não votar (a criação da secretaria). Tá com medo que o prefeito coloque alguém lá que trabalhe”, disse da tribuna da câmara, sem dar nomes. A secretaria foi criada com 9 votos favoráveis, 6 contrários e uma abstenção.

Jorge Ivan em campanha prometia enxugar o número de secretarias e de cargos comissionados; promessa não cumprida (FOTO: Reprodução horário eleitoral)

CONTRADIÇÃO – Durante a campanha eleitoral de 2020, o então candidato Jorge criticava o inchaço da estrutura da prefeitura com 20 secretarias e centenas de cargos de confiança. “Eu, como administrador, vou enxugar isso imediatamente”, disse. Nos cálculos do candidato que virou prefeito, a economia mensal seria “de mais ou menos 1,3 milhão de reais”, dinheiro suficiente para “comprar duas UTIs móveis e três ambulâncias”. Em 35 meses de governo, pelas contas do Jorge a cidade teria uma frota de 70 UTIs móveis, tipo SAMU, e 105 ambulâncias. Como ele inchou ainda mais a prefeitura, esses dois veículos estão em falta para uso no dia a dia dos serviços de saúde em Jaú.

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