Crime – POLICIAIS DA REGIÃO VENDIAM ESCOLTAS PARA CONTRABANDISTAS DE CIGARROS

Sargento Hamilton da Polícia Rodoviária, que atuou no TOR de Jaú e era ligado ao Batalhão de Bauru: um dos chefes do esquema, segundo o MP (FOTO: Depoimento MP/Reprodução)

Sargento Hamilton Cardoso de Almeida, que atuou no Tático Ostensivo Rodoviário (TOR) da Polícia Rodoviária de Jaú até meados de 2017 e está preso entre militares acusados de facilitar o contrabando de cigarros paraguaios para o Brasil, é apontado pelo Ministério Público (MP) como um dos chefes do esquema. Ele confessou participação na quadrilha, entregou dezenas de outros policiais, inclusive oficiais, e deu detalhes da venda de escoltas para contrabandistas e pagamento de propina para colegas de farda.

DELAÇÃO – Ele integrava o 2º Batalhão da Polícia Rodoviária com sede em Bauru e prestava serviços em Jaú quando a investigação começou. Levado para serviços administrativos no batalhão, pouco depois foi afastado das funções e preso. Seis PMs tiveram o mesmo destino e 2 deles confessaram em troca de delação premiada ao MP. Hamilton está entre eles. Interceptações telefônicas com troca de informações sobre o crime e quebra de sigilos bancário e fiscal dos envolvidos comprovaram o envolvimento deles.

Audiência de suspeito de envolvimento com o bando criminoso na 1.a Auditoria do TJM de SP (FOTO: Folhapress/Reprodução)

PROPINA – Hamilton falou em 100 policiais no esquema, incluindo aposentados e até membros da Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas o MP suspeita que esse número possa chegar a 300. Cada um deles recebia R$ 5 mil/mês, mais comissões de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil, para facilitar a passagem de comboios de cargas de cigarro contrabandeado por rodovias paulistas. Mais de uma vez Hamilton chegou a receber R$ 50 mil pela coordenação do serviço.

CARRETAS – A investigação tem apoio da Corregedoria da PM e o processo tramita pela 1ª Auditoria do Tribunal de Justiça Militar do Estado. Um dos chefões da quadrilha, também patrulheiro rodoviário, seria da região de Presidente Prudente. Um tenente seria dono de carretas para transportar cigarros paraguaios. Cada comboio tinha até 4 carretas e cada uma delas levava 500 mil maços de cigarros contrabandeados por vez. Duas rotas rodoviárias cortavam o Estado até a Capital.

Carretas carregadas com até 500 mil maços de cigarros contrabandeados do Paraguai eram escoltadas por policiais rodoviários (FOTO: Reprodução TV Globo)

ESCOLTAS – Os comboios eram escoltados por policiais rodoviários, que iam à frente e tanto avisavam os contrabandistas sobre barreiras de fiscalização como negociavam propinas para os colegas de farda. Os criminosos também usavam a central de operações da polícia para guiar os comboios. Sargento Hamilton seria um dos responsáveis por receber o dinheiro dos contrabandistas e pagar policiais do esquema criminoso – ele já teria ido fazer essa negociação no Paraguai, pessoalmente.

Um tenente da P. Rodoviária seria dono de carretas usadas no transporte do contrabando, que passava por 2 rotas cortando o Estado até o destino, a Capital (FOTO: Reprodução TV Globo)

OFICIAL – Em nota, a PM de SP informou que desde 2017 que o 2º Batalhão de Bauru investiga o envolvimento de policiais nesse esquema, mas que não pode dar mais detalhes para não atrapalhar investigações. O governador João Doria disse que haverá todo o empenho para condenar os policiais criminosos e demais envolvidos com o bando. O caso segue nas mãos da Justiça Militar de SP.

HORAH – Você bem informado