Descaso – NA FILA DE CIRURGIA HÁ QUASE 5 ANOS, FICHA DE PACIENTE ‘SOME’ PELA 2ª VEZ

luciana mostra no celular a quantidade de medicamentos aplicados no marido: "dores horríveis" (FOTO: Tuca Melges/HoraH)

JAUENSE TEVE DE SER OPERADO ÀS PRESSAS PARA REMOVER 19 PEDRAS DA VESÍCULA E FALTAM MAIS 2 NO PÂNCREAS; lei da transparência da fila é questionada

 

Diagnosticado com pedras na vesícula, desde 2017 que Marcelo Henrique Jacinto de Camargo aguardava na fila por uma cirurgia. Depois de quase 5 anos, muitas crises de dor, idas e vindas ao hospital, o caso ficou tão grave que ele teve de ser operado às pressas para remoção de 19 pedras na vesícula e, agora, mais duas alojadas no pâncreas. Pior é que a ficha médica dele foi ‘perdida’ duas vezes nesse tempo, causando indignação (e suspeitas) na família.

O relato é feito pela esposa de Marcelo, Luciana de Jesus Camargo. O marido continua hospitalizado e o caso chegou inclusive à Câmara Municipal. “É inaceitável o que está acontecendo com a fila de espera por cirurgias eletivas em Jaú. Por isso fiz a lei da transparência e vivo cobrando facilidade no acesso às informações. Se para nós que somos fiscalizadores do serviço público e dispomos de assessoria com conhecimento de informática já é difícil acompanhar tudo, imagine para o cidadão”, diz o vereador Fábio de Souza, que denunciou o caso.

A ficha com exames e todo o encaminhamento de Marcelo foi ‘perdida’ no NGA do SUS em 2018 e novamente em setembro deste ano. “Da primeira vez fizemos tudo de novo e aguardamos na fila de espera em 2019, 2020… Nesse meio tempo foram várias crises até que agora o Marcelo chegou desmaiar de dor, foi internado e descobrimos no NGA que perderam a ficha dele outra vez”, contou Luciana. “O que resultou nesses quase 5 anos de espera? Além das pedras na vesícula, tem também no pâncreas. Se tem dinheiro disponível na Prefeitura para essas cirurgias e médico querendo operar, por que não resolvem isso de vez?”

Luciana falou ao HORAH: “indignada mesmo” (FOTO: Tuca Melges/HoraH)

Luciana procurou Fábio de Souza ao saber da lei da transparência. “O pior é não ter informação pra nós, nunca dizem nada sobre a lista de espera, quantas pessoas estão na sua frente, quando vai chegar a sua vez”, desabafa, dizendo-se “indignada mesmo, porque independente de quem entrou na Prefeitura, tem muita politicagem, ficam brigando entre si e não resolvem nada”. Ela não descarta ir à Justiça em busca de uma reparação.

“Na minha opinião, posso estar errada, isso beneficiou alguém e o meu marido foi pro final da fila outra vez”, acrescentou Luciana, cansada de tanto sofrimento. Uma semana antes de Marcelo ser internado, ele falou com o vereador Tito Coló e foi encaminhado à secretária da Saúde Ana Paula Rodrigues. “Quando ele foi internado, fez contato de novo, mas disseram que a secretária não podia atender; depois, que ela estava em reunião em outra cidade. Essas foram as respostas que ele obteve da secretária, mesmo estando em estado gravíssimo”, concluiu a esposa.

Fábio de Souza denunciou o caso na Câmara e cobrou a lei da transparência (FOTOS: Reprodução TV Câmara)

A lei 5.202, de 25/6/18, autoria do vereador Fábio de Souza, tornou obrigatória a publicação da lista de espera por cirurgias eletivas no site da Prefeitura. Ela deve conter dígitos do cartão SUS do paciente, especialidade, data de inclusão na lista e posição na fila. “Acontece que antes ficava logo na capa do site, agora é preciso navegar para chegar nela e nem todo mundo consegue. Como não tem nome (por causa da lei de proteção de dados) e o número do cartão do SUS pode ter duplicidade, fica quase impossível acompanhar a lista. Isso abre brechas para falhas e outras coisas mais”, diz a assessoria de gabinete do vereador, que cobra “mais transparência e cópia atualizada da lista para todos os vereadores”.

  • c/informações e fotos Tuca Melges

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