Um detento do Centro de Ressocialização (CR) de Marília deu um passo importante para reescrever a sua história. Robson Dalbem Nunes, 32 anos, foi aprovado na Competição USP de Conhecimentos – CUCo e teve isenção da taxa para se inscrever no vestibular da Fuvest. “É um recomeço de vida pra mim”, projeta.
Além da gratuidade na inscrição do vestibular, ele também recebeu como premiação um certificado emitido pela Universidade de São Paulo e já se preparara para encarar as provas. “Quero cursar história”, conta Nunes, que é considerado pelos professores um ótimo aluno e bastante esforçado.
Criado para estudantes da rede pública estadual, com objetivo de incentivar e auxiliar no desempenho dos alunos nas disciplinas que compõem o conteúdo dos vestibulares, a CUCo faz parte do “Vem pra USP!”, fruto de uma parceria entre a Universidade e a Secretaria de Educação do Estado (Seduc).
Pela primeira vez, um estudante do CR de Marília teve a oportunidade de participar do torneio. Nunes ainda cumpria pena na unidade quando fez a avaliação e contou com a ajuda dos livros que tinha acesso por meio do programa Educação para Jovens e Adultos (EJA) para se preparar para a competição.
“A prova não foi tão difícil. Caíram questões de português, matemática, química. Tive mais dificuldade em conhecimentos gerais, embora assistia TV com frequência na unidade”, relata Nunes que, com a conquista, se torna um exemplo para os demais colegas.
“A participação dele em uma prova desse nível, com a aprovação, só gera incentivos aos reeducandos e ao próprio Robson de um recomeço de vida e de um futuro melhor”, destaca a responsável pelo setor de Trabalho e Educação da unidade, Priscilla Navarro Carachesti.
Diretor do estabelecimento penal, Anderson Manoel Faria frisa que Nunes é um exemplo nítido do conceito de um Centro de Ressocialização. “Ele foi matriculado na escola regular desde a sua inclusão aqui. Proporcionamos a ressocialização aos reeducandos por meio do trabalho e estudo”, aponta.
TRANSFORMAÇÃO
“É essencial que, em um lugar como os presídios, haja pessoas como os educadores para mostrar que há sempre um caminho a ser percorrido. O caminho é longo e, muitas vezes, cansativo, mas o resultado é sempre satisfatório e surpreendente”, exalta o professor de Linguagens e Códigos do CR, Marcelo Henrique Faria Inácio.
Para Nunes, inclusive, o vestibular da Fuvest representa mais que uma avaliação: é uma oportunidade para trilhar um futuro promissor e longe da criminalidade.
“Com a vida que eu levava, deixei os livros para segundo plano. Agora que ganhei a liberdade, vou dar continuidade aos estudos. Prestarei o Enem e vou tentar a vaga na Fuvest. Será uma forma de recomeçar a minha vida de uma maneira bem melhor”, finaliza.
