- Veja o que principal secretário do governo Ivan Cassaro prometia há um ano
- ‘Pauzinho’ na lama substitui régua para monitorar nível do Rio Jaú
- Só depois desses vexames administração emite alertas à população ribeirinha
“O nosso prefeito está preocupado em trazer a informação pro nosso cidadão (…) O que nós decidimos (…)? Temos uma viatura recém-chegada da Defesa Civil, que quando tivermos a informação de que choveu bastante na cabeceira do rio, nós vamos avisar a população. De que forma? A população que ouvir a sirene à noite, por várias vezes – vamos ver se conseguimos um megafone também –, sai pra fora que tem coisa errada. Aí dá tempo pra população não ser surpreendida com a água chegando perto da cama, como aconteceu no passado”
O discurso acima feito pelo secretário da Mobilidade Urbana de Jaú, Márcio Almeida, o popular PX, no dia 15 de janeiro de 2021, em entrevista ao HORAH. O governo Ivan Cassaro havia acabado de ser empossado e se deparava com a tradicional enchente de começo de ano, prometendo providências diferenciadas daí em diante. Questionado se a dragagem do leito do rio ajudaria a evitar enchentes, PX foi taxativo: “Com certeza. Veja que nós temos uma draga (encostada no Ceprom há anos, o que foi alvo de diversas críticas de PX antes de se tornar secretário municipal), mas não temos o caminhão basculante pra levar”.
Exatamente um ano depois nada disso foi feito: a draga segue abandonada – e com o prefeito fazendo pedidos ao governo do estado para providenciar a dragagem do rio –, o monitoramento do rio nunca existiu e a viatura com sirenes ligadas e megafone alertando a população não passaram de faz de conta. Para piorar – e dar a dimensão exata da improvisação do atual governo –, o secretário da Agricultura Tony Carioba gravou vídeo mostrando um pauzinho fincado no barro ao lado do rio, dentro da cidade, para dizer que estava fazendo o ‘monitoramento’ do nível da água.
Coordenador da Defesa Civil por 12 anos, Valdir Baltazar desabafou em outro vídeo: “Estão brincando com coisa séria. Saí da Defesa Civil deixando 4 pluviômetros automáticos (…) e 3 réguas de 2 metros cada, e agora tenho que ver o vídeo de um secretário com um pauzinho pra monitorar o rio?”. Segundo ele, “faltou prevenção e alerta” para evitar que 500 famílias tivessem as casas alagadas e perdessem tudo – até uma morte foi registrada e uma pessoa ainda desaparecida.
Sobre a viatura da Defesa Civil obtida na gestão dele, Valdir falou que hoje “ficam só desfilando” e até colocaram “insulfilm pra gente nem saber quem é o agente que está lá”. O ex-coordenador também criticou agentes públicos que “enchem a camisa de lama pra dizer que salvaram uma vida”, mas que não se mexeram para reduzir o impacto da tragédia na cidade. “O bote (que veio com a viatura), com certeza deve estar murcho em algum canto da prefeitura ou de suas repartições, porque eu não vi esse bote”, acrescentou, dizendo-se “estarrecido com essa gente que não tem competência e tá com o nariz lá em cima”.
Talvez por causa de todas essas revelações e cobranças, nesta 4ª feira (2) a Secretaria de Comunicação (Secom) da prefeitura divulgou alerta de “chuva forte em Dois Córregos”, na cabeceira do Rio Jaú, com “risco de inundação nas áreas mais baixas” da cidade – o que de fato aconteceu a partir das 12h. A nota ponderou que servidores e Defesa Civil estavam nas ruas “orientando a população”.
HORAH – Jornalismo com credibilidade
