FAIP EXPULSA ALUNOS QUE PEDIRAM MELHORIAS EM CURSO; B.O.s falam em baixarias, ‘gritaria’ e ‘humilhações’

FAIP Marília, na Zona Norte: dois B.O.s com histórico de baixarias contra alunos (FOTO: Reprodução web)
  • FACULDADE ABRE SINDICÂNCIA, MAS DIZ QUE É SIGILOSA
  • DEFICIENTE, ALUNO DIZ TER SIDO AMEAÇADO DE AGRESSÃO
  • ALUNA AFIRMA QUE FILHA DA MANTENEDORA A ACUSOU DE ‘CALOTEIRA’

Dois alunos expulsos e impedidos pelos seguranças de entrar na faculdade já registraram Boletim de Ocorrência (BO) contra a FAIP – Faculdade de Ensino Superior do Interior Paulista em Marília. Rafael Jorge dos Santos, 23 anos e estudante do último termo do curso de Biomedicina, foi expulso por mensagem de WhatsApp com ‘comunicado’ assinado pela mantenedora da FAIP, Dayse Maria Alonso Shimizu, alegando infração de “gravidade elevada” ao Regimento Interno Disciplinar; Heloísa Santana Benedikt, 22, de Garça, alega ter sido ‘ofendida e humilhada’ pela filha da mantenedora, Tatiana Shimizu, que a acusou de “caloteira”, publicamente e “aos gritos”, sendo retirada da faculdade “por dois seguranças”.

Rafael foi barrado na entrada da FAIP por seguranças: expulso (FOTO: Reprodução/Arquivo pessoal)

Os casos ganharam grande repercussão nas redes sociais e há relatos de outros alunos “que também estão sendo perseguidos”, informa Rafael ao HORAH. Segundo ele, tudo começou em 21/3, quando ele e outros alunos de vários termos de Biomedicina foram à diretoria pedir melhorias no curso. “A Tatiana chegou gritando, apontando o dedo na minha cara. Eu falei que não precisava gritar comigo, que isso não ia me intimidar. Inclusive temos vídeo e áudio comprovando isso”, conta Rafael, alegando que daí em diante “virou um grande circo, com gritaria e ofensas contra os alunos”, iniciando-se também um período de retaliações

“Fomos cobrar a falta de professores para estágio, porque estava chegando abril e não havia ainda o estágio que devia ter começado em fevereiro; reclamamos também do laboratório e da falta de alguns equipamentos, inclusive aparelho de hemograma; entre outras questões”, explica o aluno. Na última 3.a feira (5) ele ficou na faculdade até 21h30 e, por volta das 21h50 recebeu convocação para prestar esclarecimentos à Comissão de Sindicância da faculdade para o dia seguinte, em horário que estaria no trabalho. Rafael fez uma contranotificação encaminhada a Vanessa Zappa, que preside a comissão, pedindo nova data e horário que lhe fossem compatíveis, sendo surpreendido na 4.a feira (6) por mensagem de WhatsApp comunicando o desligamento do curso e já fazendo encaminhamento inclusive do histórico escolar do aluno.

Histórico do B.O. registrado por Rafael na polícia (FOTO: Reprodução HoraH)
Heloísa relatou insultos e humilhações na FAIP (FOTO: Reprodução HoraH)
Incrível: namorado de Heloísa, que foi acompanha-la ao deixar a faculdade, na volta foi impedido de entrar (FOTO: Reprodução/Arquivo pessoal)

“Fui até lá pra conversar, quando começou a pior parte. Os seguranças não me deixaram entrar e fui até mesmo ameaçado por um deles, que me disse: ‘Acho melhor você ir embora, senão a gente vai ter que ir pra questão física’. Sou deficiente físico (por causa de hemofilia A grave, ele desenvolveu necrose no ombro e cotovelos que limitaram movimentos dos braços em até 40%) e nem isso foi respeitado”, lamenta Rafael. A humilhação de Heloísa não foi menor e consta do B.O.: “Vocês vazam daqui, só que pagam antes, suas caloteiras!”, teria dito a filha da mantenedora ao se dirigir a ela e uma amiga, também estudante. “Nós temos financiamento interno, mas as mensalidades estão pagas em dia — eu pago antes do 5.o dia útil, como está no contrato; a diferença é que a parte financiada a gente vai pagar depois que terminar o contrato, no prazo que consta lá”, justifica.

Ao site de notícias Jornal do Povo, o diretor acadêmico da FAIP, Paulo Jacomino, informou que a instituição instaurou sindicância para apurar os fatos, que o procedimento é sigiloso e só após a conclusão poderá confirmar o resultado. Rafael e Heloísa informaram ao HORAH que estão proibidos de acessar a faculdade. “Tentei entrar pelo AlunoNet e lá consta que tá cancelada a minha matrícula e eu estou expulso desde o dia 6”, confirma Rafael. Após registrar B.O. na CPJ Marília, Heloísa foi com o pai à FAIP para conversar e não foi sequer recebida.

Heloísa: sonho de se formar em Biomedicina interrompido de maneira abrupta. No Facebook, ela escreveu neste sábado (9): “Muito difícil quando a universidade que você escolhe como pilar para construir seu futuro não permite que você cresça” (FOTO: Reprodução/Facebook)

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