“Para uns foram nove anos, para outros 10, 20, 30 anos de convivência”; “Éramos uma família, mas hoje essa família foi desfeita”. Estas foram algumas manifestações postadas em redes sociais por funcionários do grupo alimentício Marilan na 6.a feira (14), quando também houve uma despedida emocionada dos motoristas do transporte fretado que atendia a empresa, com direito a discurso e louvores que levaram muitos às lágrimas. “Infelizmente hoje foi o último dia do serviço dos motoristas da Trans Jato na Marilan”, escreveu uma das funcionárias, dizendo que sentirão falta uns dos outros.
“Depois de 9 anos de Trans Jato, bora andar de circular”, postou outro funcionário, acrescentando manifestações de descontentamento com a medida. E as queixas foram tantas, inclusive contra a atuação do Sindicato dos Trabalhadores da Alimentação (Stiam), que o presidente Wilson Vidotto gravou vídeo para se explicar e ainda marcou assembleia na porta da empresa para conversar com os trabalhadores. “Apesar de termos alguns companheiros dizendo que o sindicato não anda tomando providência, nós já fizemos duas reuniões com a empresa a respeito do transporte”, disse.


Vidotto falou que a substituição do transporte fretado pelo público vinha sendo alertado pelo sindicato “há mais de 10 anos”, visto que antes a empresa “era na área rural e agora é na urbana, e por lei não tem mais necessidade do transporte fretado”. O sindicalista também justificou que a Marilan tinha contrato para transportar 1.500 trabalhadores, mas “só 30%, 40% estavam usando esse transporte”, fazendo a maioria dos ônibus circular quase vazios.
Em nota aos funcionários, a empresa comunicou acordo com o sindicato para desativar o transporte fretado neste sábado (15), sendo que os optantes pelo vale-transporte serão submetidos à seguinte transição: até o fim de agosto, o desconto será compensado com o pagamento de um abono equivalente ao valor do vale para evitar impacto financeiro para seus colaboradores; de setembro a dezembro, o desconto será limitado a 3% do salário-base; de janeiro/24 em diante, o desconto passará para 6%.
Em mensagens ao HORAH, várias mães que são funcionárias da Marilan disseram que terão problemas para conciliar o horário de saída do trabalho com os ônibus públicos a tempo de apanhar os filhos na creche; outras, que terão de se levantar por volta das 3h30 da madrugada para deixar os filhos com parentes e pegar o primeiro ônibus às 4h10, a tempo de chegar na empresa no horário de entrada do turno de serviço. “Muita gente entrou em desespero por causa disso e está fazendo dívida para comprar moto ou carro”, disseram também, concluindo que a partir de agora “será um transtorno”.
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