- POR E-MAIL, POLÍCIA AFIRMA QUE DELITOS EM JAÚ ESTÃO ABAIXO DA MÉDIA NACIONAL E ATÉ DE PAÍSES EUROPEUS
- Doutora em Criminologia alerta que se a situação sair do controle, “não tem como reverter”
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Quatro tiros de pistola ponto40 disparados por um PM em alegada ‘legítima defesa’ matam morador de rua em frente à Matriz de Jaú, em 11/1. Doente mental, o homem havia se envolvido em uma briga e se ‘armado’ com um pedaço de tijolo. Três dos tiros acertam o homem, que morre ao dar entrada ao hospital. Os fatos ocorrem no meio da tarde, em um dos pontos mais movimentados da cidade; uma das balas vai parar dentro de uma loja.
O enredo policialesco não foi suficiente para engajar as autoridades contra a onda crescente de violência que amedronta, causa prejuízos diários à população e, pasmem, não é sinalizada nas estatísticas da PM. HORAH mostra em fotos uma sequência jamais vista em Jaú de arrombamentos, furtos, assaltos e até tiro contra vítimas em estabelecimentos comerciais e residências, intensificada daquele 11/1 para cá. Criminosos, moradores de rua e ‘nóias’ (denominação popular para viciados que furtam para sustentar o vício) estão no foco das preocupações – da população, que fique claro.
“O comando da PM tem conhecimento de todos os fatos”, diz resposta da Polícia Militar a questionamento do HORAH por e-mail, antes de se alongar em explicações baseadas em estatísticas que colocam os delitos e crimes da cidade “abaixo da média nacional e de diversos países europeus”. Quando questionada se de alguma forma a situação começa a sair do controle, a resposta da PM é ‘não’; quanto à ‘sensação de insegurança’ da população relatada no e-mail, diz que isso está “condicionado diretamente pela maneira que (os fatos) são veiculados” – ou seja, culpa da imprensa.
Dois assaltos ao mesmo supermercado em uma semana, dois homens capturados e amarrados com cordas pela própria população, furtos a pizzarias, depósitos de gás e de bebidas, trailer de lanche, cirúrgica, petshop, xerox, residência e até tiro em quitanda são registrados em questão de dias, muitos com imagens de câmeras de segurança. “O que a gente precisa entender é que há um recado muito claro da sociedade para quem tem que tomar providência. A sociedade não aguenta mais e a situação está saindo do controle”, observa a advogada Daniela Rodrigueiro, professora de Direito e Doutora em Criminologia.
“Precisamos de um plano de contenção imediato de segurança pública, de ações efetivas, de um trabalho coordenado da prefeitura com o governo do estado, se for preciso uma intervenção com as polícias civil e militar”, recomenda. “Se o prefeito quiser fazer sozinho, ele faz? Não. Se a polícia quiser fazer sozinha, ela faz? Não. É um plano integrado de ação, que precisa de metodologia, de planejamento e ser levado a sério, porque se sair do controle não tem como reverter”. Quanto aos indivíduos capturados pela população, ela diz: “É a resposta da sociedade: as pessoas amarrando pessoas na rua, tentando agir quando o estado não age”.
Semana que vem o Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) de Jaú vai se reunir com objetivo de traçar plano de ação imediato contra a violência na cidade. A informação é do presidente Marcelo Adriano da Silva, que dia 23/2 coordenou encontro histórico no cine municipal, com uma centena de participantes e representantes das polícias, OAB, Ministério Público, Câmara, Prefeitura e outros para discutir a segurança da cidade. Na ocasião, o prefeito Ivan Cassaro admitiu o problema e disse que se espelhava no modelo adotado em Marília para ações em relação à população em situação de rua.
HORAH – Informação e prestação de serviço