Documento assinado por três promotores de Justiça tem 28 páginas e foi encaminhado ao Tribunal de Justiça de SP com data do último dia 4, mas, por enquanto, só apresenta provas unilaterais; VEJA
O prefeito Abelardo Simões Filho, o Abelardinho (MDB), foi formalmente acusado pelo GAECO de envolvimento em crimes de corrupção passiva, concussão (usar o cargo público para exigir vantagem indevida), fraudes licitatórias e processuais, coação e de mandante de agressão a um empresário de Bariri, região de Jaú, que estava denunciando irregularidades na contratação de serviços de limpeza pública na cidade em 2021. O documento encaminhado ao Tribunal de Justiça (TJ) pede “extrema urgência” na abertura de investigação criminal contra Abelardinho.
Assinado pelos promotores Nelson Febraio Jr, Gabriela Gonçalves Salvador e Ana Maria Romano, todos do GAECO Bauru, a denúncia mandada ao TJ tem 28 páginas e diversas provas unilaterais — ou seja, baseadas em depoimento do empresário Paulo Ricardo Barboza, dono da Latina Ambiental, de Limeira, SP, ganhadora da licitação da limpeza em Bariri e preso desde 8 de agosto, além de documentos apreendidos com ele. Para os promotores pode-se concluir que “inequivocadamente a licitação de limpeza de Bariri foi fraudada” com participação do prefeito.
É citado direcionamento do edital de concorrência para garantir que só a Latina participasse e vencesse, e que daí em diante Abelardinho passou “a exigir dinheiro do contrato” como forma de manter o serviço na cidade. Os valores extorquidos foram anotados na agenda de Paulo Ricardo, já submetida a perícia. Quando o empresário Fábio Yang passou a denunciar irregularidades na contratação da Latina, o prefeito teria dito ao dono da empresa: “Você resolva essa questão, porque o problema da nossa administração é o seu contrato”.
Esses fatos foram relatados por Paulo Ricardo em depoimento gravado em áudio e vídeo na presença de advogados dele na última 6.a feira, 1.o de setembro. Pressionado, ele disse que resolveu contratar o Capitão PM Alexandre Gonçalves, de Limeira, e pagar R$ 5 mil para ele ir a Bariri conversar com Yang. A abordagem ocorreu em 2 de junho, mas descambou para a violência, com agressão física e ameaça de arma em punho caso não parasse com as denúncias; por fim, o militar ainda furtou o celular da vítima. A identificação dele foi possível a partir do veículo usado na ocasião, que, rastreado, chegou a Paulo Ricardo. O capitão também já foi preso.
Os promotores informam ao TJ que até a operação de 8 de agosto não havia nada que ligasse diretamente o prefeito aos crimes, o que se deu só depois do depoimento do dono da Latina. Eles também relataram que o contrato da limpeza de Bariri foi prorrogado dois dias após a agressão ao denunciante das irregularidades, o que seria uma compensação pelo serviço. E que “a investigação indicou ainda” que Abelardinho já teria mandado bater em um vereador da cidade que igualmente o incomodava com denúncias contra a administração.
A reportagem enviou mensagem ao prefeito Abelardinho solicitando entrevista para que possa comentar as acusações feitas pelos promotores do GAECO, apresentando a versão dele para os fatos.
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