
VIZINHAS QUE AJUDARAM A SOCORRE-LO DESCARTAM DESCARGA ELÉTRICA CITADA EM B.O.; ADVOGADOS ACOMPANHAM INVESTIGAÇÕES
(c/ colaboração de imagens e informações de Magesto/Vem Pra Rua Jaú)
Um fato, muitas versões. Após ‘Seu Luiz’ ser internado e permanecer intubado na UTI do Pronto Socorro da Santa Casa de Jaú com graves queimaduras pelo corpo, não param de surgir hipóteses para o que aconteceu. Todas divergem da história contada por ele, quando agonizava em busca de socorro pela Rua Paschoal Pirágine Neto, entre os jardins Odete e Sta. Helena, Zona Oeste de Jaú, no final da noite da 6ª feira (13). Gritando de dor, ele conseguiu dizer o nome, Luiz, e que dormia na rua quando acordou em chamas.
Lavrado quase 3 horas depois dos fatos, o B.O. cita essa versão, mas acrescenta que os policiais que estiveram no local relataram as lesões de Luiz, “embora não fossem típicas de queimaduras com fogo”. Mais adiante, diz: “Acrescentaram os PMs que, segundo informação preliminar passada pela equipe médica que atendeu a vítima, as lesões mais se assemelham às decorrentes de descarga elétrica, até porque o provável horário da ocorrência guarda relação com um apagão de energia que afetou boa parte da cidade”. O B.O. é assinado pelo delegado de plantão Francisco Telles Jr.
Foi o suficiente para surgirem nas redes sociais comentários de que Luiz seria ladrão de fios, que se queimou tentando queima-los para extrair o cobre interno ou que estaria furtando fios, quando sofreu uma descarga elétrica. “Imagine, é queimadura [por fogo]. Descarga elétrica eu descarto, porque ela ia deixar ele pendurado, não ia sair correndo pra rua pedindo socorro”, retruca Ana Paula Fagundes da Costa, uma das moradoras que ajudaram a socorrer o homem. “A parte do peito dele estava toda branca e as peles penduradas”, acrescentou. As vizinhas Luciana e Cleusa confirmam a versão e estimam que Luiz tenha “uns 40, 45 anos”.


Em princípio, a relação com o apagão estaria descartada porque o homem surgiu “com gritos aterrorizantes de dor, que davam pavor na gente”, cerca de meia hora a 40 minutos depois da energia ter voltado, disse Luciana. “Eu ouvi ele falando várias vezes que acordou pegando fogo, acordou pela dor”. As moradoras ainda ouviram outras duas versões: de um motociclista que passou pelo local quando Luiz era socorrido e disse ter visto dois jovens correndo em sentido oposto, “com camisa de time [de futebol]”, como que fugindo; e de que um carro teria deixado o homem naquela rua, sob ameaças.“Por isso que nós imploramos por imagens de câmeras aqui da rua para esclarecer isso tudo de uma vez. Já vi falarem de tudo, até desejando a morte dele, mas ninguém preocupado com ele, errado ou não”, disse Ana Paula. As moradoras também falaram que não notaram a Polícia Técnica no local nem nenhum outro policial desde então.
HORAH apurou que as queimaduras não chegam a 80% do corpo de Luiz, como relatado inicialmente, mas “entre 45% a 50%”, concentradas na parte frontal, da cintura para cima, incluindo braços, pescoço e cabeça. “O caso é muito grave”, afirmou um médico da Santa Casa, sob condição do anonimato. Questionado se as lesões poderiam ter sido produzidas por descarga elétrica, ele riu – mas disse que prefere aguardar o laudo do IML. Advogados ouvidos pelo HORAH questionam as considerações feitas no B.O. sobre os fatos e garantem que vão acompanhar as investigações.

Empresário e ex-candidato a vereador, Magesto atua na página Vem Pra Rua Jaú e tem trocado informações com HORAH sobre esse episódio. “Estou inconformado com o rumo que isso está tomando. Por mais que eu me esforce e fale com as pessoas que tiveram contato com o seu Luiz, mais me convenço de que cometeram uma atrocidade com ele. Mas nada está descartado e é prudente aguardarmos as investigações, a perícia policial e os laudos oficiais. Mas de uma coisa tenho certeza: o discurso de ódio existente na cidade, a partir de pronunciamentos na Câmara, precisa acabar urgentemente. Fez mal a todos e está estimulando comentários os mais absurdos e desumanos possíveis”, comentou ao HORAH.
HORAH – Você sabe tudo