Interferência de comissionados nas licitações da prefeitura é citada por ex-gerente que pediu pra sair

Isabelle gerenciava departamento de Licitações: comissionados até elaboravam editais (FOTO: Reprodução/TV Câmara)

FALTA DE PROFISSIONAIS, ESTRUTURA EQUIVOCADA E RISCO DE PROBLEMAS FIZERAM GERENTE DEIXAR O CARGO EM JAÚ

Ouvida na CEI das Licitações na 5ª feira 28, a ex-gerente de Licitações da prefeitura de Jaú fez revelações preocupantes. Isabelle Ribeiro criticou a estrutura montada pela gestão Ivan Cassaro, a excessiva carga de trabalho, a falta de profissionais e até a interferência de comissionados na elaboração de editais de licitação, descumprindo recomendações do MP-Ministério Público e do TCE-Tribunal de Contas do Estado.

Ex-gerente Isabelle depôs ao presidente Mateus Turini (de barba) e também respondeu questionamentos do relator Fábio Souza (FOTO: Reprodução)

Há 8 anos na prefeitura, Isabelle é concursada como agente administrativo e prestou serviços na Secretaria de Finanças até setembro de 2021. Formada em Gestão da Produção Industrial, bacharel em Direito e com pós-graduação em Gestão de Pessoas e Licitações e Contratos, a servidora foi diretora em 2018 e, de junho de 2020 em diante, gerente do setor. Vendo o rumo das licitações na atual administração, pediu pra sair.

“A princípio saí por conta da estrutura mesmo”, confirmou à CEI, explicando que “gerava muita preocupação” ver a gerência de licitação ligada ao DTI-Departamento de Tecnologia da Informação, Almoxarifado, Seção de Despesa etc. “Nós queríamos fazer um trabalho bem feito”, disse, lembrando que levou a preocupação à secretaria de Finanças diversas vezes. E concluiu afirmando que se tornou “um desejo meu sair, mas partiu da administração (…), que tomou a frente, pois acabou virando uma insatisfação tanto da minha parte quanto da deles”.

Mas um fator foi determinante: a interferência de servidores comissionados nas licitações. “Os assessores vieram pra ajudar, mas de uma forma que eu considerei errada. Além de ajudar nessa parte (a destravar o setor), ajudavam a fazer editais, só que isso não pode (…). Eu tomava conhecimento de alguns [editais] no momento da publicação” – declarou. “Fazer edital era da melhor das intenções, mas se acontecer alguma coisa posteriormente, o responsável será o concursado”.

Isabelle recomendou melhorias na estrutura do setor de licitações para destravar a prefeitura. “É um departamento muito carregado de atribuições, o que justifica um pouco a demora das licitações”, explicou, pedindo, em nome dos amigos que permaneceram, “um pouco de sensibilidade” do governo. Isabelle deixou a gerência onde recebia por volta de R$ 9,4 mil (incluindo o vale alimentação) e voltou ao cargo concursado com holerite bruto em torno de R$ 2,9 mil – números disponíveis no portal da transparência no site da prefeitura.

Oitiva foi na 5.a feira passada à CEI das Licitações, no plenário da câmara de Jaú (FOTO: Reprodução)

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