
Dois deles foram contrários à criação da CEI, outro chamou o prefeito de “meu querido” na sessão legislativa e o quarto membro pode estar no meio de um arranjo político que envolve uma das maiores secretarias municipais
Todos negam categoricamente, mas ficou parecendo que a presidência da Câmara de Jaú matou no ninho, como se diz popularmente, a tão esperada CEI da Saúde, criada para investigar os repasses obrigatórios da Unoeste à Prefeitura e, em particular, o sumiço de parte dos 246 aparelhos de ar-condicionado doados no ano passado e que teria sido desviada para uso próprio de integrantes da Secretaria da Saúde. É que o presidente Jefferson Vieira (PL) nomeou quatro governistas para a CEI, isolando o autor e presidente da investigação, Dr. Paulo de Tarso (Podemos), que é da oposição.
“Juro que não foi nada disso”, afirmou Jefferson ao HORAH no início da noite da 4.a feira 16, quando informou por telefone quais seriam os nomeados anunciados oficialmente na sessão da Câmara dessa 5.a feira 17. Entre os nomeados estão João Pacheco (Novo) e Dr. Rodrigo Campanhã (PSD), que foram contra a criação da CEI desde o início; Pacheco acha que a investigação afeta a Unoeste, que, segundo ele, já investiu R$ 60 milhões na cidade, e Campanhã, ex-chefe de gabinete do prefeito Ivan Cassaro (PSD), é desafeto público de Dr. Paulo de Tarso e até chegou a trocar farpas com ele durante as últimas sessões legislativas.
Os outros dois membros são: Sensei Hercílio (Avante), que na sessão da Câmara de hoje chamou o prefeito de “meu querido” e cujo presidente do partido é assessor político de Ivan, e o veterano Tito Coló Neto (União), que rompeu com a administração após a eleição para a presidência da Câmara ao sentir-se traído pelo prefeito, mas que pode estar no meio de um arranjo político no mínimo curioso. Ivan pediu o cargo da secretária da Educação Elenira Cassola e deve pôr no lugar a diretora Andréia Galazzini, que é concursada, mas ligada ao vereador. A intenção seria acenar para Tito com o controle de uma das maiores secretarias municipais e, em troca, reaproxima-lo da administração e também contar com ele para “segurar” a CEI.
Visivelmente isolado, Dr. Paulo tem agora 15 dias para iniciar os trabalhos de investigação e 120 dias para concluí-los e apresentar o relatório final. A primeira pergunta que fica é a seguinte: quem ele nomeará relator da CEI, se três dos quatro membros são aliados e defensores do governo e Tito carrega a suspeita desse arranjo político feito por Ivan? Oposicionistas, os vereadores Daniela Rodrigueiro e Mateus Turni (ambos do PDT) garantem que vão atuar como fiscalizadores dos trabalhos da CEI e denunciar qualquer tentativa de melar as investigações; porém, não têm os poderes dos membros da comissão nem podem interpelar possíveis convocados para depor (se é que a tropa governista aprovará a convocação de alguém).
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