Procedimento foi autorizado judicialmente, mas hospital capixaba se negou a realizar o aborto
Abusada sexualmente pelo marido de uma tia por quatro anos e engravidada, menina capixaba de 10 anos teve de sair do Espírito Santo e seguir para o Pernambuco, em Recife, para realizar aborto autorizado pela Justiça. Hospital procurado pela família em Vitória se negou a fazer o procedimento legal com urgência. O caso ganhou repercussão nacional. A menina deixou o Espírito Santo no domingo (16), acompanhada pela vó e por uma assistente social do governo do Estado. O homem acusado de abusar da menina tem 33 anos, já foi indiciado pelos crimes de ameaça e estupro de vulnerável e está foragido.
A viagem ao PE era para ser sigilosa, em voo comercial, mas acabou divulgada nas redes sociais pela bolsonarista Sara Winter, que até publicou o nome da menina, o que é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Na chegada da menina ao Recife, houve protestos pró e contra o aborto em frente ao hospital e os médicos foram chamados de ‘assassinos’. A PM teve de intervir para pôr fim ao tumulto. A autorização para interromper a gravidez indesejada foi dada pelo juiz da Vara da Infância e Juventude de São Matheus, cidade onde a menina reside no ES, pelo juiz Antônio Fernandes.
Na sentença, o juiz reproduziu o desespero da menina narrado pela assistente social que a atendeu e informou da gravidez. A garota “entra em profundo sofrimento, grita, chora e afirma não querer levar a gravidez adiante”, escreve o magistrado. O Ministério Público do ES também se manifestou em favor do aborto. Equipe médica hospitalar detectou que a manina está com 22 semanas de gestação, período considerado avançado, mas sem impedimento clínico ou legal para ser interrompida. A menina também desenvolveu diabetes gestacional e corre risco de morte.
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