Mistérios de Itaju: presidente da Câmara ‘vira-casaca’ e livra prefeito de possível cassação

Prefeito Jerri, acusado de fraudar licitação e receber propina; a 1.a dama Fátima, que teria comandado 'cabide de emprego' com dinheiro público; e o presidente da Câmara, Marquinhos Covre, que mudou de lado na última hora e salvou prefeito de possível cassação (FOTOS: Reprodução Noticiantes, jornal Candeia e Câmara de Itaju)

Apesar da manobra política, denúncias contra Jerri por fraude a licitação e recebimento de propina continuam na mira do MP e GAECO; 1.a dama Fátima deve ser investigada por ‘cabide de emprego’ pago com dinheiro público

Até então vereador do time da oposição, o presidente da Câmara de Itaju simplesmente ‘virou a casaca’ de última hora e livrou o prefeito Jerri Neiva (PSD) de possível processo de cassação na última 2.a feira 17. Ele desempatou a votação que estava em 4 a 4 em favor do arquivamento das denúncias que levaram ao pedido de uma Comissão Processante (CP) contra Jerri, por quebra de decoro parlamentar por envolvimento direto em esquema fraudulento de licitação e recebimento de propina de empresa de limpeza pública contratada pela prefeitura da cidade.

Itaju fica a 15 quilômetros de Bariri, na região de Jaú. As duas cidades firmaram contrato com a Latina Ambiental, de Limeira, após o edital ter sido combinado entre o proprietário da empresa e os prefeitos, com flagrante direcionamento das licitações e, posteriormente, pagamentos de propina. Os casos estão sob investigação e já resultaram em operações de busca e apreensão e de prisão (inclusive do dono da Latina) pelo Ministério Público (MP) e GAECO; em Bariri, o então prefeito Abelardinho Simões (MDB) foi cassado em novembro do ano passado.

Envelopes direcionados ao prefeito Jerri de Itaju, mas aos cuidados do servidor do Setor de Licitações: ‘dinheiro de propina’, segundo o MP (FOTO: Reprodução)
Na agenda apreendida pelo GAECO no escritório do dono da Latina em Limeira, de Paulo Ricardo Barboza, promotores encontraram anotação sobre Itaju: seria combinação de propina? (FOTO: Reprodução/Documento oficial Gaeco)

Novo relatório do MP com mais de 150 páginas trouxe revelações ainda mais nefastas e escandalosas das fraudes, conforme HORAH já noticiou, motivando a CP na Câmara de Itaju. O parecer do relator, vereador Silas Corrêa, que é do lado do prefeito Jerri, pediu o arquivamento por falta de provas (como se o MP não tivesse revelado nada). Votaram com ele os governistas Val do Zito, Márcio Manzutti e Alexandre ‘Pato’, perfazendo 4 votos; os vereadores da oposição foram contra o arquivamento: Juninho Lopes, Ivan do Peba, Crepe e Misael Rovaris, empatando a disputa. O voto de desempate pelo arquivamento da denúncia veio do presidente Marquinhos Covre, até então oposicionista e que havia sido favorável à abertura da CP.

Se os mistérios escondidos nos bastidores da política de Itaju foram capazes de enterrar a CP contra Jerri, não abalaram a investigação do MP e GAECO neste caso. Questionado via assessores, o promotor de Justiça de Bariri, Nelson Febraio Jr, informou por mensagem de WhatsApp que, “como a parte criminal das investigações segue com determinação de sigilo de Justiça, é preferível não dar entrevista ou se manifestar em relação aos fatos” nesse momento. Ou seja: as investigações prosseguem.

HORAH soube extraoficialmente que não estão descartadas outras operações de busca e apreensão, ou mais do que isso, tanto em Itaju quanto em Bariri por causa das fraudes e da corrupção denunciadas pelo MP e GAECO. Como revelou o último relatório sobre o caso, com data do final do mês passado, outra peça importante nesse esquema deverá ser denunciada brevemente, e em separado: a ex-prefeita e atual primeira dama de Itaju, Fátima Camargo. Ela teria comandado pessoalmente um ‘cabide de empregos’ pago com dinheiro público junto à Latina, para atender interesses políticos pessoais dela e do marido.

HORAH – A verdade dos fatos