MORTES POR COVID: NÚMEROS NÃO BATEM E EXPLICAÇÃO MAIS CONFUNDE DO QUE ESCLARECE

O ditado popular ‘Pior a emenda que o soneto’ cai feito uma luva para a tentativa encontrada pelas autoridades jauenses para explicar uma grotesca divergência nos números de óbitos por Covid-19 na cidade, nos últimos três dias. Ficou claramente pior do que estava. Segundo o Boletim Epidemiológico emitido pela Secretaria da Saúde na 2.a feira (22), morreram 13 pessoas em 24 horas em Jaú. Eram 273 óbitos apontados no boletim do dia anterior (21) e 286 no dia seguinte.

Entretanto, uma explicação mal elaborada consta do boletim do dia 22 informando que “os óbitos (…) são referentes à óbitos (SIC) ocorridos desde a data de 20/02 e que ainda não tinham sido informados para a Vigilância Epidemiológica”. Também diz que o boletim de ontem veio acrescido de três mortes “que estavam na condição de suspeitas e que foram confirmadas” por exames. Só que o boletim do dia 21, emitido em nome da Vigilância Epidemiológica e postado no site oficial da Prefeitura de Jaú, indica exatamente 13 mortes a menos do que o boletim de ontem.

Se forem levados em conta os boletins do dia 20, 21 e 22, o total de mortes sobe para 21. Foram 4 no dia 20 (269 óbitos totais), mais 4 no dia 21 (273 óbitos) e mais 13 no dia 22 (total geral de 286 mortes). Todos os boletins assinados pela Secretaria da Saúde com dados passados pela Vigilância Epidemiológica, conforme descrito no canto direito inferior de cada um deles. Logo, não procede a explicação de que os 13 óbitos de ontem representam a somatória das mortes desde o dia 20, “que ainda não tinham sido informadas para a Vigilância Epidemiológica”. Ou será que alguém montou e divulgou indevidamente os boletins com assinatura da Vigilância?

Se os boletins oficiais são merecedores de crédito, o que houve com os números que não batem? Se o número de mortes do último boletim é realmente a somatória dos dias 20 a 22, porque a conta da Secretaria da Saúde dá 13 e a contagem dos números em cada boletim chega a 21? De fato a emenda ficou pior que o soneto, tal qual o ditado popular inspirado no poeta português Manuel Du Bocage (1765-1805). Bom seria que as autoridades municipais da Saúde viessem oficialmente a público explicar essa dança dos números, com o devido cuidado para não acabar com a credibilidade dos boletins da Covid nem com a deles próprios.

HORAH – A verdade dos fatos