
“Eu não vou aqui sentar em cima da culpa de ninguém, sinto muito”, declarou o presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura o pagamento de mais de R$ 100 mil em alugueis por um prédio nunca usado pela Prefeitura de Pederneiras, a chamada CEI do CRC (Clube Recreativo Comercial). Vereador Professor Marildo pediu que a população “entenda a gravidade da situação”, e disse que os vereadores envolvidos na investigação, “por mais parceiros que sejam dessa administração, não vão chegar aqui e contar uma mentira”.

O presidente lembrou na última reunião da CEI que o contrato de locação foi assinado em outubro de 2021, quando não havia diretoria constituída; por solicitação judicial em 6/12/2022, a diretoria só foi montada em 2023, substituindo comissão provisória instituída há 14 anos. “A gente entende que essa comissão não tinha condições” de alugar o prédio, disse Marildo, que anteriormente já havia defendido a devolução dos valores pelo clube e que as responsabilidades fossem julgadas pela Justiça.
Questionado se a administração da prefeita Ivana Camarinha não tinha atentado para esses detalhes, o secretário municipal de Compras e Licitações Luiz Carlos Rinaldi disse desconhecer as informações apresentadas na CEI e arrematou: “É impossível, diante da grande quantidade de serviço que a gente tem, verificar uma questão dessa”. O presidente Marildo, então, foi taxativo: “Se isso aconteceu nesse processo, eu tenho até medo de pensar nos outros”.
Autor da denúncia que levou à CEI, vereador Val Grana questionou a legitimidade de Luiz Reguine Ramos, o Luizão, para assinar o contrato de aluguel em nome do CRC; o secretário Rinaldi respondeu que o nome dele constava na Receita Federal, o que “talvez tenha levado a gente a acreditar que fosse ele mesmo o representante legal”; depois, admitiu nunca ter feito “uma negociação com um clube, sempre foi com empresa, que é diferente”.
DESAPROPRIAÇÃO – O argumento utilizado pela administração Ivana para continuar pagando quase R$ 6,5 mil mensais pelo prédio fechado é a intenção de desapropria-lo para reformar e instalar no local a secretaria de Assistência Social, sendo que o valor dos alugueis será descontado do custo apontado em avaliação judicial do imóvel. Para Val Grana, trata-se de um prédio velho, sem acessibilidade nem estacionamento, o que poderá sair mais caro do que fazer um novo. “Que se tenha amor ao dinheiro público, e analise se não é muito mais viável construir um novo do que remendar esse prédio velho”, disse.
PREFEITA – A próxima reunião da CEI do CRC, na 5.a feira (10), deverá ouvir a prefeita Ivana, que foi convidada para prestar esclarecimentos, e o presidente Luizão, convocado para depor aos vereadores.
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