O bicho pegou – DEMORA PARA PARTO E BEBÊ MORTO LEVAM A PROTESTOS E AFASTAMENTO DE MÉDICO

Familiares da gestante e vereador Vaguinho expulsaram médico Luiz Eduardo da coletiva de imprensa na Santa Casa, aos gritos (FOTO: Reprodução Imagens Noticiantes)

Após entrevista coletiva tumultuada, com gritos, insultos, agressões verbais, tapas na mesa e expulsão do médico obstetra Luiz Eduardo de Almeida, o profissional acabou afastado das funções na Santa Casa de Bariri, a 37 km de Jaú. O médico foi responsável pelo parto do menino Miguel, que, após longa espera pela intervenção médica e “uma dupla circular de cordão (umbilical) no pescoço”, nasceu morto no final da madrugada desta 2ª feira (2).

Médico Luiz Eduardo, responsável pelo parto, tentou explicar o porquê da demora para trazer Miguel à vida e o que levou o bebê à morte (FOTO: Reprodução Coletiva De Imprensa)

DORES – Familiares da gestante Graziele de Souza Xavier ficaram inconformados e acusaram o médico e o hospital de terem sido negligentes. Graziele estava “com 36 para 37 semanas”, o que equivale “a oito meses de gestação”, quando começou a apresentar fortes dores no baixo ventre. Ela procurou a Santa Casa no sábado (29) à tarde, recebeu medicamento contra dor e foi liberada; na madrugada do domingo (1) voltou ao hospital, tomou nova dose de remédio e a médica plantonista ia liberá-la outra vez, mas como a dor não cessava, mandou interna-la.

Grace, irmã de Graziele, a gestante, foi a primeira a falar em negligência no parto e levar o caso para registro em boletim de ocorrência (FOTO: Reprodução Imagens Noticiantes)

COLETIVA – Os fatos narrados pela direção hospitalar foram confirmados pela irmã da gestante, Greice, em entrevista à mídia. Como já ocorreram dois outros casos de óbito semelhantes na Santa Casa recentemente, a instituição convocou a imprensa para falar do assunto no final do dia. O médico Luiz Eduardo e o interventor-assistente da Santa Casa, nomeado pela Prefeitura, o também médico Jésus Fernandes da Costa Jr, receberam jornalistas na mesma sala em que estavam familiares da gestante e do bebê Miguel. O clima ferveu.

Durante a coletiva com a imprensa, familiares da gestante se revoltaram com o médico e literalmente partiram para cima dele (FOTO: Reprodução Imagens Noticiantes)

O PARTO – Luiz Eduardo justificou que a parturiente sentia dores, mas não tinha contrações. Informado da situação pela enfermagem do hospital, recomendou acompanhamento do caso, alegando se tratar de “dores relacionadas à própria gestação”. Exames tiveram resultados normais, segundo ele. Porém, “às 5h30 da manhã do domingo, foi feito contato comigo dizendo que os batimentos cardíacos do bebê estavam baixos”, contou, afirmando que pediu que preparassem a gestante para uma cesárea, “imediatamente”. Contudo, Miguel nasceu sem vida.

O médico Jésus, interventor-assistente, teve de acompanhar o obstetra Luiz Eduardo para fora do hospital: outros 2 casos semelhantes estão sob investigação (FOTO: Reprodução Imagens Rádio Clube de Bariri)

‘BANDIDO, VERME!’ – Nesse momento da coletiva familiares passaram a hostilizar o médico. “Nem para tratar de cachorro você serve. Você é um bandido, seu verme, seu lixo, seu sem-vergonha!” – disparou um dos parentes, aos gritos. “Se a gente tivesse pagado, você faria o parto na hora”, acrescentou, questionando: “Por que tá funcionando essa m… (de Sta. Casa), se não consegue fazer nem um parto?” Quando finalmente os familiares deixaram a sala e a coletiva foi retomada, Jésus tentava falar em nome da instituição, quando todos voltaram acompanhados do vereador Vaguinho (Vagner Mateus Ferreira). Ele se dirigiu ao obstetra, deu tapas na mesa e expulsou o médico da sala, escoltando-o até o lado de fora do hospital

“Vamos levar esse caso ao Ministério Público. Não podemos mais perder crianças aqui na Santa Casa”, justificou à imprensa, se desculpando com o interventor-assistente pela agressividade. “Ele atendeu a gestante por WhatsApp, então vai ficar sabendo do desfecho disso tudo por mensagem”, acrescentou, afirmando que a Câmara não votaria nenhuma matéria sem que o prefeito Neto Leoni, que decretou intervenção na Santa Casa, resolvesse o caso do bebê Miguel.

Irene Chagas tomou conhecimento dos fatos e logo pediu ao prefeito de Bariri o afastamento do médico até que as apurações sejam concluídas (FOTO: Reprodução Imagens Bariri Rádio Clube)

AFASTAMENTO – O afastamento do médico Luiz Eduardo foi comunicado pela diretora do Conselho Municipal da Saúde, Irene Chagas. Foi um pedido dela ao prefeito, até que sejam apuradas as supostas irregularidades cometidas no parto. “Incidentes anteriores estão em fase de apuração, ainda (por isso o médico não foi afastado antes). Mas no caso de hoje, percebemos que há um clamor muito grande, um clima de revolta incontrolável”, admitiu Jésus, antes ainda de tomar conhecimento do destino do obstetra.

HORAH – Você sabe das coisas