
- Vinícius e Ticiano: um pegou propina e o outro também, segundo delação da OAS (FOTO: Arquivo/Reprodução)
A delação premiada do executivo da empreiteira OAS Léo Pinheiro sobre a obra do esgoto em Marília envolve também o ex-prefeito Vinícius Camarinha. O atual deputado estadual teria pedido e recebido propina até março de 2014 – Vinícius assumiu em janeiro de 2013, sucedendo Ticiano Toffoli, também citado pelo executivo na delação.
Segundo Léo Pinheiro, Vinícius pediu “pagamento de vantagem indevida no importe de 3% do valor da obra”, que chegou a R$ 106 milhões na licitação vencida pela OAS. “Tais pagamentos foram feitos até março de 2014”, afirmou o executivo. Em novembro de 2015 houve a rescisão do contrato – a OAS alega ter R$ 12 milhões para receber do município, “em razão da ausência de pagamentos de diversas faturas” na gestão de Vinícius.
DIRECIONADO – Todo o certame de licitação da obra, realizado na gestão de Ticiano, teria sido direcionado para a OAS, que ajudou na elaboração do edital com cláusulas para restringir a concorrência. Orçada em 2004 em R$ 52 milhões, a obra foi contratada por R$ 106 milhões pela OAS em 2013. Como 2 empresas recorreram à época, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) suspendeu o certame, só concluído em 2013, quando Vinícius já era o prefeito.
TICIANO – Toda a falcatrua teve início em 2011, em Brasília, quando Ticiano, ainda vice do prefeito Mário Bulgarelli, se encontrou com Léo Pinheiro. Ele estava acompanhado do então presidente do DAEM, Antônio Carlos Guilherme de Souza Vieira, o Sojinha (FOTO AO LADO), cunhado de Ticiano e, atualmente, presidente do Marília Atlético Clube (MAC). Dias depois, os dois falaram com ele sobre a obra do esgoto, que estava parada, e que gostariam que fosse assumida pela OAS.
No 2º semestre de 2011, representantes da construtora foram procurados por Sojinha, que relatou a existência de recurso para a obra após rescisão de contrato com a construtora Passarelli, então responsável pelo serviço. Na ocasião, Sojinha disse que tinha receio de perder o dinheiro se não fosse utilizado rapidamente. Após a empreiteira atestar a viabilidade econômica da obra, um representante da empreiteira se reuniu com Ticiano e Sojinha, quando, então, teve o pedido de propina.
BULGARELLI – Para tirar o Bulgarelli da Prefeitura e abrir caminho para Ticiano (FOTO) assumir e fazer a licitação fraudulenta, os dois pediram R$ 1 milhão, delatou Léo Pinheiro. “Paga tal quantia, em 05.03.2012, Mário Bulgarelli, cumprindo o acordado, renunciou ao cargo de prefeito”, relatou aos Procuradores. Ticiano assumiu, manteve Sojinha no DAEM e direcionou a licitação à OAS.
DERROTA – Com os recursos e a demora na conclusão do certame, vieram as eleições de outubro de 2012. Léo Pinheiro disse que determinou “a realização de doação da quantia de R$ 1,5 milhão em espécie, via caixa 2”, para a campanha de Ticiano. Mesmo derrotado, Sojinha voltou a procurar a OAS pedindo R$ 1 milhão para pagar dívidas de campanha.
- Com a delação da OAS, o atual deputado Vinícius, ex-prefeito e filho de Abelardo Camarinha, também se enrola com a Justiça por causa da obra do esgoto (FOTO: HoraH)
VINÍCIUS – Eleito prefeito, Vinícius assumiu “e também procurou a OAS para pedir propina”, revela o jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso à delação do empreiteiro. Procurado pelo jornal, o atual deputado disse, em nota, que “não responde a nenhum processo ou acusação desta ordem”, e que “nunca esteve com a pessoa de Léo Pinheiro e nunca houve qualquer vantagem indevida” paga a ele.
Bulgarelli, igualmente procurado, falou que não se manifestaria sobre a questão. Sojinha teria dito à Folha desconhecer o assunto e que procuraria seus advogados antes de fazer qualquer comentário.
HORAH – Você sabe das coisas