
Em outubro, Gisele Simões recebeu acusação por quebra de decoro, com pedido de cassação do prefeito da cidade, Renato Gonçalves, que, em áudios vazados nas redes sociais, a teria chamado inclusive de ‘vagabunda’
Diretor Jurídico João Sardi Júnior é afastado do cargo pela presidente da Câmara Municipal de Gália, vereadora Giseli Rodrigues Simões (PSDB). Gália fica a 51 km de Marília. A ordem de serviço foi publicada no Jornal Oficial: trata-se de afastamento cautelar (medida excepcional só deferida quando se comprova que o servidor está obstruindo a instrução de um processo, por exemplo) e por tempo indeterminado. Na mesma publicação há diversas e sérias acusações contra Júnior Sardi, como é conhecido o diretor.

Dentre essas acusações, Gisele diz que o servidor a assedia verbalmente com ofensas, inclusive gravadas em áudios que estão sendo encaminhados ao Ministério Público (MP). Em uma delas, o advogado fala que a presidente deveria ser “cruscificada de cabeça para baixo, que nem Pedro”. Ele também é acusado de negar documentos e informações ao exercício da presidência do Legislativo de Gália, como do edital do concurso em que foi aprovado para o cargo.
Segundo informações obtidas pela reportagem, esse comportamento se deve ao super salário do diretor, que, conforme o Portal da Transparência da Câmara, seria de mais de R$ 13,2 mil mensais, bem acima da realidade municipal. O advogado ainda teria perdido prazos processuais, não defendendo a presidente da câmara e levando a prejuízos ao Legislativo, o que consta do Mandado de Segurança nº 100041-43.2023.8.26.0200.

Há outro Mandado em trâmite no Fórum de Gália, em que atua o advogado especialista em direito administrativo e eleitoral Alexandre Sala, de Marília, em que Júnior Sardi é acusado de não fornecer documentos necessários para o exercício da presidência da Câmara pela vereadora Gisele. Em decisão de ontem, o juiz Felipe Guinsani negou pedido liminar para entrega desses documentos, mas o mérito da medida segue em discussão na Justiça. HORAH apurou que Sala já prepara pedido de reconsideração, tomando por base a decisão administrativa da presidência em afastar o diretor jurídico.
E, por fim, Júnior Sardi também é acusado de advogar em causas privadas, como pode ser verificado por meio de consulta ao Portal Esaj-SP, o que contraria imposições profissionais e legais a quem ocupa cargo público. Segundo parecer jurídico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), esse comportamento leva ao chamado ‘conflito de interesses’. Júnior Sardi ainda não se manifestou oficialmente sobre a medida publicada nesta 6.a feira (10), com aplicação imediata.

TENSÃO POLÍTICA – Gália vive momentos de tensão política. No começo de outubro a presidente Gisele recebeu denúncia feita pelo cidadão Emerson Lopes da Silva contra o prefeito Renato Inácio Gonçalves por quebra de decoro, por ter ofendido verbalmente a vereadora em áudios que vazaram nas redes sociais. Segundo o sites de notícias da cidade, nesses áudios Renato se refere à presidente da Câmara como ‘vagabunda’ e faz ofensas do tipo ‘vai tomar no c… dela’.
A votação da abertura de uma Comissão Processante (CP) com pedido de cassação do mandato do prefeito ocorreu dia 9/10, prevalecendo a força política de Renato: por 7 votos a zero, os vereadores rejeitaram a acusação. O entendimento principal foi de que o caso deveria ser discutido em ação penal e não politicamente, na câmara; teve quem também entendesse se tratar de infração político-administrativa do prefeito, visto que as narrativas ocorreram fora do ambiente do Poder Executivo.
EMBRIAGUEZ – O prefeito Renato tem histórico controverso. Em agosto de 2019, na madrugada de uma 6.a feira, ele se envolveu em acidente ao colidir uma picape GM Montana com a traseira de um caminhão na SP-294. Acionada, a Polícia Rodoviária aplicou o teste do bafômetro e constatou que o condutor do veículo era prefeito de Gália e estava sob efeito de bebida alcoólica, alegando que havia saído de uma festa em Marília e ia dormir na casa de uma parente dele. O delegado de polícia na ocasião fixou fiança em R$ 2 mil, que foi paga por Renato, passando a responder pelo acidente em liberdade.
HORAH – Informação é tudo