Por insuficiência de repasses da prefeitura, duas creches anunciam fim das atividades

Lar-Escola Hilarinho Sanzovo tem 58 anos de atividades e pode deixar de funcionar agora: 200 crianças sem creche (FOTO: Reprodução/Facebook)

JUNTAS, CRECHE DAS ACÁCIAS E LAR-ESCOLA HILARINHO SANZOVO ATENDEM CERCA DE 300 CRIANÇAS EM JAÚ; presidentes reclamam de falta de diálogo com prefeito Ivan Cassaro

Por absoluta insuficiência de recursos repassados pela prefeitura, duas creches de Jaú divulgam comunicados oficiais para anunciar o fim das atividades. A Creche das Acácias tem cerca de 30 anos de funcionamento na cidade, enquanto que o Lar-Escola Hilarinho Sanzovo presta serviços há nada mais nada menos do que 58 anos. Ambas reclamam do mesmo problema: estão sem reajuste dos repasses há três anos e o que foi proposto pela prefeitura para 2023 “inviabiliza a continuidade dos serviços”. Por meio de nota, a prefeitura disse que “essas foram as duas únicas entidades que se insurgiram” contra os valores oferecidos pelo município e que “adotará todas as medidas para que (…) não faltem vagas em creche” da rede municipal para todas as crianças.

Creche Jardim das Acácias tem 19 funcionários, alguns com 25 anos de casa: demissões à vista (FOTO: Reprodução web)

Presidente da Creche das Acácias, Renato de Melo Rodrigues disse ao HORAH que “a soma dos três anos que os repasses não foram reajustados é próximo de 30%, fora o deste ano”. O fechamento das contas em 2022 indicou um prejuízo de R$ 59,3 mil que os diretores da entidade terão de pagar do próprio bolso, sendo que a projeção para 2023, contando com o dissídio de julho dos funcionários, é de algo em torno dos R$ 100 mil. Nas contas da entidade para o ano que vem, o custo por aluno será de R$ 650 e a prefeitura propõe apenas R$ 572. “Não temos condições de continuar assim”, resumiu Renato, observando que as contas da creche são informadas mês a mês ao Tribunal de Contas. “Se tem alguma sobra de capital, temos a obrigação de devolver. Eles têm ciência dos valores repassados e das despesas que temos. Mais de 80% do que recebemos vai para folha”.

Todos esses argumentos não foram suficientes sequer para os diretores da creche e também do lar-escola serem recebidos diretamente pelo prefeito Ivan Cassaro, nem mesmo quando ele próprio agendou as reuniões. A última discussão sobre o assunto foi com o atual secretário de Finanças Neto Leonelli, que teria assegurado que a prefeitura “não consegue fazer mais do que o valor oferecido”, pois insiste que o reajuste possível seria de 10% e já subiu para 14%. Contra-argumentar com o prefeito foi impossível, porque “ele não nos atendeu pessoalmente nenhuma vez”, dizem tanto Renato Rodrigues quanto Carlos Rafael Pavanelli Batocchio, presidente do Hilarinho Sanzovo, conforme ofício do dia 8. Só na Acácias devem ser demitidos 19 funcionários, alguns com 25 anos de registro em carteira. Pior ainda é que a prefeitura já acumula crianças na fila de espera por vaga em creche, e pode herdar quase 300 a mais de uma hora para a outra. Vereadores como Luizinho Andreto, Borgo e Mateus Turini, da oposição, acreditam que aumentar o valor dos repasses não seria problema, visto que o Portal da Transparência indica cerca de R$ 130 milhões em caixa, só de excesso de arrecadação no atual governo.

Apesar da insistência dos diretores das creches, prefeito Ivan não os recebeu nenhuma vez (FOTO: Reprodução web)

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