Pouca vergonha – PARA FUGIR DE GOTEIRAS, PASSAGEIRA ABRE GUARDA-CHUVA DENTRO DE ÔNIBUS EM JAÚ

Descaso, absurdo, pouca vergonha. Assim pode ser definido o serviço de transporte coletivo oferecido aos moradores do distrito de Potunduva, em Jaú, distante pouco mais de 10 km da sede do município. Para ter ideia da precariedade dos veículos, uma passageira teve de abrir o guarda-chuva para não se molhar nas goteiras dentro de um desses ônibus. Foi na 5ª feira (14).

Chovia no momento da viagem e um dos passageiros relatou ao portal G1 que havia água por todo lado, ao ponto de alagar o assoalho do coletivo. “Como estava molhando muito, a mulher acabou abrindo o guarda-chuva”, contou ele, dizendo que esse tipo de problema é comum nos ônibus que servem aos moradores do distrito, sem nenhuma providência do Poder Público jauense.

  • Era tanta a água que entrava no ônibus que passageira decidiu se proteger debaixo do guarda-chuva (FOTO: Alefer Casteliano/Arquivo Pessoal)

  • O assoalho do ônibus ficou alagado, tantas eram as goteiras dentro do veículo (FOTO: Alefer Cassteliano/Arquivo Pessoal)

COMUM – O histórico de abandono e desprezo com a população de Potunduva vem de longa data. São muitos os relatos de discriminação e preconceito, por se tratar de um distrito muito simples e com forte influência nordestina. Apesar de ter quase 15 mil habitantes, o local conta com apenas um posto bancário. Não há lotérica, o único clube está abandonado há quase uma década, a infraestrutura é precária e o distrito não possui dotação orçamentária para fazer a gestão de suas necessidades. Só agora está recebendo obras do afastamento e tratamento do esgoto, mas paga pelo serviço desde o início dos anos 2000.

INÍCIO – Tanto desprezo contrasta com a história de Potunduva, onde Jaú teve início a partir das expedições pelo Rio Tietê, as chamadas monções, que partiam da capitania de São Paulo em busca de ouro na capitania do Mato Grosso. Acampamentos dos bandeirantes viraram o lugarejo batizado mais tarde de Potunduva, bem antes da fundação de Jaú, que se deu em agosto de 1853. Ali também aconteceu o reconhecido milagre da bilocação de Santo Frei Galvão. Até a construção do trajeto atual da SP 294, a ligação com Pederneiras e Bauru se fazia por Potunduva, que experimentava grande pujança à época. Por fim, a costa jauense banhada pelo Tietê se localiza apenas em Potunduva, com grande potencial turístico e econômico a ser explorado – motivo pelo qual foi barrado o movimento emancipacionista na década de 80.

HORAH – Você sabe das coisas