154 casos de feminicídio entre janeiro e novembro do ano passado bateram recorde em SP, superando de longe os 134 casos de 2018 inteiro. Entre os casos de maior repercussão está o ocorrido em novembro, no distrito de Potunduva, Jaú, quando Elisângela Fernandes, 40 anos, foi morta a facadas pelo ex-marido Moisés Gomes Alves quando foi almoçar na casa de uma amiga. Ela tinha medida protetiva contra ele, mas não se sentia segura.

Outros 2 casos na região figuram na lista dos feminicídios de 2019: um em Pirajuí, região de Bauru, e outro em Dois Córregos, a 27km de Jaú, em que Michele de Godoy Patrício, 30, foi morta a canivetadas pelo ex-marido, no meio da rua. Momentos antes de ser morta em Potunduva, Elisângela comentou e compartilhou esses crimes nas redes sociais. “Meu Deus, mais uma”, escreveu, sobre o caso de Pirajuí; sobre o de Dois Córregos, acrescentou: “Esse é meu medo. Infelizmente sou obrigada a ficar dentro de casa mesmo tendo a medida protetiva da polícia”. Nos 3 casos, os responsáveis pelos crimes foram presos.

Dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP) indicam que a média de idade das vítimas é de 36 anos, que 79% dos feminicídios têm autoria conhecida e que 68% ocorreram em casa. Desde 2015, quando foi publicada a lei que prevê penalidades mais severas para homicídios reconhecidos como feminicídio (violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher), esses crimes só têm aumentado. O motivo mais comum é a separação. Enquanto o feminicídio cresce, homicídios dolosos (quando há intenção de matar) caíram 7% e os latrocínios (roubo seguido de morte), 33%. Outro crime contra a mulher também subiu: estupros aumentaram 4% entre janeiro e novembro de 2019, na comparação com igual período de 2018.

O portal G1 ouviu a SSP, que disse investir no combate à violência doméstica e indicou crescimento das prisões em flagrante em 8,6%. Já Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, fala em “aumento da violência contra mulheres” e diz ser necessário “fortalecer a rede de acolhimento à mulher e incentivá-la a denunciar”. Organismos de proteção afirmam que o momento em que ela decide romper com a violência doméstica e com a relação com o agressor “é o de maior risco de feminicídio” – é como se o homem contrariado e desafiado sentenciasse que ‘se não é minha, não será de mais ninguém’.
(c/ informações G1)
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