O MESMO ÓBITO ENTROU NA CONTAGEM DE DUAS CIDADES, MAS, OFICIALMENTE, SERÁ REGISTRADO POR UMA TERCEIRA
Um óbito, 3 registros e muita confusão. A primeira morte por Covid-19 anunciada pelo prefeito Rafael Agostini em Jaú, no final da tarde da 3ª feira (7), aparece na estatística da cidade, também na da estância turística de Brotas (a 53 km de distância) e estará na contagem oficial da Prefeitura de São Paulo. Como isso é possível? Faltou esclarecimento público na hora de comunicar o óbito, levando as populações de Jaú e Brotas a crer, equivocadamente, que cada uma dessas cidades tinha uma morte por Covid-19.
COMO DEVE SER – Segundo protocolo do Ministério da Saúde, óbito por doença de notificação compulsória, como dengue, HIV e Covid-19, por exemplo, deve ser contabilizado pelo município de residência do paciente. O homem de 60 anos que morreu na UTI da Santa Casa de Jaú no dia 2 e teve confirmação de exame para coronavírus ontem, morava em São Paulo. Mas costumava passar temporadas em Brotas, onde sentiu os sintomas da doença, colheu material para exame e chegou a ser internado; depois foi para Jaú (que é referência médica regional), onde faleceu.
POSTAGENS – O equívoco ganhou postagens oficiais. Às 12h07, a prefeitura de Brotas divulgou o óbito como o 1º da cidade por Covid-19 e o colocou na estatística oficial; às 16h30 era a prefeitura de Jaú que fazia o mesmo, seguida pelo pronunciamento do prefeito no Facebook, confirmando, “infelizmente” (termo utilizado por Rafael), a 1ª morte por coronavírus. Nenhuma das postagens fez qualquer referência ou alerta aos motivos da mesma morte constar de suas estatísticas, ignorando o protocolo da Saúde.
EXPLICAÇÃO – Quando HORAH passou a questionar o equívoco, a única justificativa veio da secretária da Saúde de Brotas, que acabou ‘socorrendo’ o silêncio do prefeito de Jaú: “(Ele) divulgou isso porque quando uma pessoa passa pelo município e é confirmada com o vírus, muda o perfil epidemiológico desse município”, explicou Renata Vieira. Falando especificamente de Brotas, acrescentou: “Para nós, é a certeza de que o vírus está circulando no município e a gente precisa adotar medidas epidemiológicas de bloqueio e condutas médicas”.
NEM UM NEM OUTRO – Ela confirmou o protocolo oficial: “Legalmente, o óbito está contando para o município de origem (do paciente), que é São Paulo”. O que deve ser feito agora em cada localidade por onde o paciente passou é a chamada ‘mega ação de busca’, para saber com quem ele teve contato e colocar todo mundo no isolamento social por 14 dias. Outra informação que nem Brotas nem Jaú ainda havia divulgado: o óbito não é nem de uma nem de outra cidade. Ficou evidente que essa falta de esclarecimento público põe em risco as estatísticas e a credibilidade das autoridades.
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