QUESTÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Por HAILTON MEDEIROS, editor do HORAH

Quinze, 30, 45, 60, 70… 80 dias de portas fechadas. De faturamento zero. De contas acumuladas. De dívidas que vão se tornando impagáveis. De torcida para tudo mudar, de ansiedade pela mudança que nunca vem, de frustrações, orações e desespero puro.

Comerciantes do ramo de restaurantes, lanchonetes, bares, trailers e carrinhos de lanches, salões de beleza, barbearias e academias vivenciam o que nem todos enfrentaram ou ainda enfrentam nessa pandemia do coronavírus. A cada anúncio do governador do Estado sobre possíveis flexibilizações, lá estão eles esperançosos a princípio e aos prantos no final.

Esta 4ª feira (10) não foi diferente. Esperava-se que a atitude corajosa do prefeito Daniel de denunciar e enfrentar erro crasso na restritiva classificação de Marília, despertasse a humildade governamental para admitir o erro e reclassificar a cidade para cima. Mas o governo nos manteve na mesma.

E na mesma ficaram nossos comerciantes. Primeiro, na luta para renegociar alugueis, contas básicas, a escola dos filhos. Agora, para garantir o arroz e feijão de cada refeição. Por tudo isso não condeno aqueles que decidiram manter as portas abertas, ainda que sob risco de multas. Agem para manter a dignidade. Agem contra a injustiça do governador, pois os números da pandemia em Marília são suficientes para flexibilizações mais generosas. Agem contra o absurdo de lotéricas, bancos e supermercados estarem lotados, enquanto eles seguem fechados, sendo usados para justificar um isolamento fictício que nos protegeria do coronavírus. Agem pelo simples direito à sobrevivência.