Redução de vereadores: ‘teatro’ montado na câmara acaba em alfinetadas e vira-casaca presidencial

Vaga de Marcos Brasil sob ameaça (FOTO: Reprodução/TV Câmara)

Por Hailton Medeiros, editor HORAH Notícia

A nova tentativa de reduzir o número de vereadores à Câmara Municipal de Jaú bateu na trave e não foi aprovada por um voto. Foram 11 a 6 a favor do projeto de emenda à Lei Orgânica, quando o necessário eram 12 votos. Se aprovado, o projeto diminuiria de 17 para 13 o número de cadeiras na câmara, e ainda havia emenda mais restritiva, que reduzia para 11. Permaneceu tudo como está para a próxima legislatura, que terá início em janeiro de 2025 e irá até 2028.

A diferença dessa vez foram as revelações surpreendentes feitas pelos vereadores, que só confirmaram as suspeitas que sempre existiram por trás de votações polêmicas como esta. “Fiz aqui o endosso da diminuição para 11 vereadores, porque fui procurado — mas aqui muitas vezes o que se fala não se escreve — e disseram que iriam matar isso nas Comissões, e no fim não acabou nas comissões”, entregou Marcos Brasil, incomodado com as críticas a quem era contra diminuir a quantidade de vereadores.

O vereador deixou claro que o projeto e a emenda não passavam de ‘teatro’ montado na câmara para induzir a população a acreditar numa medida que fosse reduzir gastos no Legislativo, quando, na verdade, a intenção era ‘matar’ o assunto com pareceres contrários nas comissões técnicas da câmara. Como isso não ocorreu e foi ao plenário, se revoltou com os colegas. “Não serei omisso. Cadê a representatividade da mulher aqui nessa câmara? Dos bairros, dos funcionários públicos? Se tirarmos isso, Jaú vai virar uma cidade gourmet, para poucos, não para todos”, concluiu, contrário à redução de cadeiras na Casa.

Leandro Passos atacou autor do projeto, falou em ‘erros’ e ‘reais intenções’ por trás de projetos votados na câmara (FOTO: Reprodução/TV Câmara)

Leandro Passos alfinetou um dos autores do projeto, Chico Quevedo: “Na minha visão você representa a elite, o pessoal que tem mais recurso. Inclusive nós temos representantes aqui hoje, que você conclamou pra vir aqui. Isso é presente de grego!”. Leandro disse ainda que era preciso “perceber o erro e as reais intenções por trás de cada projeto” colocado em votação na câmara, dando a entender que o ‘teatro’ denunciado por Marcos Brasil é mais habitual do que se imagina.

Marcelo Bezerra disse que a verdadeira intenção ao reduzir vereadores é a de facilitar o domínio do Poder Legislativo “por xerifes e coronéis mal intencionados” na cidade, afirmando que “quanto menos vereadores, mais fácil para eles; mais vereadores, maior a dificuldade”. Já o oposicionista Mateus Turini, que assinou o projeto de redução de vereadores e votou favorável à medida, atacou a tese de que era necessário diminuir cadeiras na câmara para o município economizar.

“Que economia é esta que aprova 54% de aumento para secretários? Que aprova R$ 15 mil de salário para Procurador-Geral do Município, com uma rescisão de R$ 55 mil após exoneração com um ano de serviço? (caso do advogado Rui Piva) Que publica no Jornal Oficial um contrato por cinco anos de aluguel, de R$ 1,380 milhão para a nova sede da Educação, o que dá uma média de R$ 23 mil por mês? (hoje o custo é de R$ 7 mil)” — questionou Mateus. Ele também pôs em xeque a autonomia dos vereadores com aliados ou filhos nomeados na prefeitura, além de citar uma sobrinha e o sogro do prefeito igualmente empregados no Executivo.

‘Vira-casaca’: presidente Moretti propôs 11 vereadores, mas arregou dizendo que, como autor, ia votar do jeito que quisesse (FOTO: Reprodução/TV Câmara)

Não bastasse tudo o que foi revelado nesse processo de votação, o presidente da câmara Maurílio Moretti ainda protagonizou o ‘vira-casaca’ mais constrangedor da história do Legislativo jauense ao votar contra a redução de vereadores, mesmo tendo sido autor da emenda que deixava a Casa com apenas 11 cadeiras. “Se eu assinei e coloquei a emenda (…), eu voto no que eu quero (…), do jeito que eu quero. E se eu assinei, eu posso voltar e tirar minha assinatura”, declarou, como sempre aos gritos, momentos antes de confirmar o ‘vira-vira-virou’ durante a votação nominal do projeto.

Jogo de cena para enganar a população; troca de farpas entre vereadores da base política da administração municipal, deixando evidente a falta de liderança do prefeito Jorge Cassaro; ‘vira-casaca’ presidencial; e suspeitas de ‘erros’ e intenções não reveladas ‘por trás de cada projeto’ votado na câmara, escancararam a podridão política instalada em Jaú no atual governo e na atual legislatura, com poucas e honrosas exceções. Sinal de que é preciso redobrar a vigilância para não errar novamente no voto nas eleições municipais de outubro do ano que vem.

VEJA COMO VOTOU CADA VEREADOR – Foram a favor da redução de vereadores na câmara, pela ordem de votação: Luizinho Andreto, Lampião, Fábio Souza, Fernando Toledo, Chico Quevedo, José Carlos Borgo, Dr. Segura, Chupeta, Mateus Turini, Bill Luchesi e Tito Coló; votaram contra a redução: Jefferson Vieira, Leandro Passos, Marcelo Bezerra, Marcos Brasil, Rodrigo de Paula e o presidente Maurílio Moretti.

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