Caso aconteceu em Marília no domingo (16), mas só ganhou repercussão agora; em nota, vereadora Professora Daniela nega “tráfico de influência” e PM diz que apura os fatos
“(…) ela é vereadora. (…) o que você está achando que você é?” – dispara a comandante do 9º Batalhão da PM de Marília, Tenente-Coronel Márcia Cristina Crystal Gomes ao passar reprimenda em policial que apreendeu e mandou guinchar carro da vereadora Professora Daniela (PL), na madrugada do domingo (16). O veículo estava com licenciamento atrasado e, segundo o policial, com os pneus dianteiros carecas ao ser flagrado em blitz de trânsito na Av. Cascata, no elitizado Jardim Maria Izabel, Zona Leste, por volta de 0h30. Até onde se sabe, ele agiu com base no Código Nacional de Trânsito.
‘DESNECESSÁRIO’ – Áudio do telefonema da Tenente-Coronel Crystal para o PM (o nome dele não foi divulgado, mas HORAH apurou se tratar de um sargento) vazou nas redes sociais e acabou na mídia, expondo a conduta do comando da polícia de Marília a situação vexatória e repugnante. “Comandante, (…) não estou descumprindo a ordem da senhora. A hora que a senhora me ligou eu estava no telefone com ela (a vereadora) e o veículo já estava em cima do guincho”, argumentou o policial, no que Crystal insistiu que “a mulher é vereadora”. E emendou dizendo que o PM estava “fazendo algo que era desnecessário” e que quem trabalha no trânsito “tem que ter jogo de cintura”.
OUÇA O ÁUDIO EM QUE A COMANDANTE CRYSTAL REPREENDE O PM QUE APREENDEU O CARRO DA VEREADORA PROFESSORA DANIELA, DE MARÍLIA:
AMEAÇA – Houve também ameaça da comandante: “Se for desse jeito (…), você não vai estar mais segunda-feira no trânsito (…), porque essa aqui é uma ordem minha”. Contrariando o que se aplica a todo cidadão comum, Crystal diz no áudio que o PM estava “tumultuando” e que, se usasse o bom senso, “segunda-feira ela (vereadora Professora Daniela) pegaria o documento e não precisa apreender o veículo”. O policial ponderou que ofertou a possibilidade do pagamento da licença do veículo por aplicativo, mas que o marido da vereadora, chamado ao local dos fatos pela filha que conduzia o veículo, disse que não tinha condições de fazer.
NOTAS – Ante a grande repercussão dos fatos, noticiado inclusive na televisão, a vereadora emitiu nota através da assessoria dizendo que “não teve o objetivo de praticar tráfico de influência” e que apenas tentou evitar a apreensão do veículo por estar preocupada com a filha. Acrescentou que tomará “atitudes jurídicas para o caso, prezando pela verdade e justiça” – ela afirma que os pneus dianteiros do veículo não estavam carecas. Já a presidência da Câmara informou que se trata de “assunto privado” da vereadora e que só se manifestará se “houver pedido de providência”. O comando da PM na região comunicou que apura os fatos e que o policial envolvido não vai mais trabalhar no trânsito até concluir curso de especialização em SP, previsto para ser retomado em setembro.
HORAH – A verdade dos fatos
