
Teve um pouco de tudo: destituição da presidente, não reconhecimento do vice, nomeação de outro vereador para presidir os trabalhos e iniciar Comissão Processante contra a legítima dirigente da Câmara
Os advogados Carlos Eduardo Marcondes de Moura e João Ricardo Santana Gomes aguardam os últimos documentos para ingressar com Mandado de Segurança contra alegadas “violações e descumprimento do processo legal” por sete dos nove vereadores que, na 2.a feira (13), destituíram Gisele Simões da presidência da Câmara Municipal de Gália, região de Marília, e ignoraram que o vice João Sanavio é quem deveria assumir. Agindo “arbitrariamente”, eles nomearam outro presidente e adotaram a mesma conduta na sessão que recebeu a denúncia contra Gisele, substituindo o vice pela vereadora mais votada para presidir os trabalhos e instalar Comissão Processante (CP) com pretensão de cassar o mandato de Gisele.

“Os vereadores agiram orquestradamente, primeiro com a renúncia do primeiro e do segundo secretários, deixando a Mesa Diretora órfã; depois destituíram a presidente alegando que ela havia encerrado a sessão legislativa prematuramente, violando o direito à palavra”, disseram os advogados em entrevista ao HORAH. Como o vice está participando remotamente das sessões por causa de um acidente automobilístico, perguntaram se ele se opunha à nomeação de outro presidente em seu lugar e, “mesmo com a imagem dele negando essa intenção”, nomearam a vereadora mais votada para presidir os trabalhos, acumulando também a presidência da CP.
Enfim, a presidência está agora sob exercício do vereador Francisco Yoshida Jr, que assinou o Projeto de Resolução destituindo Gisele da presidência da Casa e restituindo no cargo de diretor jurídico o advogado João Sardi Jr, que anteriormente havia sido suspenso das atividades pela presidente, acusado de estar obstruindo os trabalhos legislativos. A partir daí a briga política se acirrou na câmara. “Resumidamente, entendemos que todos os fatos ocorridos estão carregados de forte carga política e partidária com o objetivo único de neutralizar a presidente para futuras pretensões eleitorais, seja à reeleição ou para outras funções, antecipando o jogo político”, disseram Carlos Eduardo e João Ricardo.
Todos esses fatos foram também relatados por Gisele à Promotoria de Justiça de Gália em documento com data da 5.a feira (16). Ela diz que pretende “a apuração de eventuais delitos cíveis e criminais” cometidos pelos vereadores da cidade, observa que o afastamento de Jr Sardi foi “ratificado nos autos de Mandado de Segurança” em que pedido de liminar contrária à decisão dela foi negada pela Justiça e, por fim, fala em “manobra articulada” dos vereadores para afastá-la da presidência da câmara.
Outro documento importante é do vice-presidente João Sanavio, igualmente do dia 16. Trata-se de Ordem de Serviços ao diretor legislativo Carlos Cardoso, convocando reunião extraordinária dos vereadores para realizarem eleição dos cargos vagos da Mesa Diretora, como determina o Regimento Interno. Porém, o documento foi simplesmente ignorado, apesar do alerta de Sanavio de que isso poderia “ocasionar sanções administrativas e criminais aos responsáveis”.
HORAH – Informação é tudo