Caso da paciente que caiu em micro-ônibus e fraturou fêmur vai para a Defensoria Pública

Elisabete, depois de voltar de Botucatu, para onde foi levada pela Secretaria da Saúde de Jaú de maneira inadequada (FOTO: Arquivo pessoal/Reprodução)

FRAGILIDADE DE ELISABETE EXIGIA TRANSPORTE MAIS ADEQUADO, O QUE FOI IGNORADO PELA PREFEITURA, DIZEM FAMILIARES; quadro clínico dela piorou

Há um mês a paciente Elisabete de Fátima Muriano era levada de Jaú para Botucatu para se consultar com um pneumologista. Segundo a família, a Secretaria da Saúde da Prefeitura de Jaú ignorou que ela tinha vários problemas de saúde, havia sofrido um AVC que dificultava a locomoção e pesava pouco mais de 30 quilos. Ao invés de uma ambulância equipada para as necessidades dela, Elisabete foi transportada de micro-ônibus no dia 6 de outubro.

“Minha irmã tinha comorbidades, sim, mas ela andava, ela não usava fraldas, ia ao banheiro sozinha, se alimentava via oral. Hoje ela se alimenta por sonda, tem um cateter, depende de oxigênio pra respirar e está deitada numa cama de hospital com seis parafusos no fêmur”, conta indignada Eliete Muriano Arietti. Isso sem falar das escaras que surgiram no corpo de tanto permanecer deitada.

Para a família, Elisabete, 66 anos, foi transportada de maneira inadequada para Botucatu, caiu no micro-ônibus, fraturou o fêmur e teve de ser operada lá mesmo e só depois ser transportada para Jaú. Nesse meio tempo a Saúde forneceu fraldas e uma cama hospitalar que a paciente pouco usou, porque passou mal e teve de ser internada às pressas na UTI, após ser diagnosticada com pneumonia. “As enfermeiras da Secretaria da Saúde vieram e disseram que ela estava bem e estável; dez minutos depois chamamos o SAMU e ela foi direto pro hospital”, lembra Eliete, revoltada. O caso está registrado no B.O. IG0806-1/2022, de 24 de outubro na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Jaú.

Elisabete, no dia em que a Secretaria da Saúde informou que o quadro era estável e, minutos depois, a paciente foi internada às pressas com pneumonia (FOTO: Arquivo pessoal/Reprodução)

No final da semana passada a paciente teve alta da pneumonia, mas precisava de cuidados especiais em casa. “A Saúde não se manifestou, então hoje (nesta 2ª feira 7) nós procuramos a Defensoria Pública, porque não temos condições de custear tudo”, explicou a irmã de Elisabete. As recomendações médicas devem ser passadas para um relatório que poderá instruir uma possível ação judicial contra a Saúde em Jaú. “Ontem o quadro da minha irmã piorou e ela entrou no ‘paliativo’ (tratamento alternativo para aliviar o sofrimento do paciente, quando se esgotam os procedimentos médico-hospitalares)”.

Eliete entende que Jaú possui “excelentes médicos e hospitais de referência, não havendo necessidade de ficar levando pacientes para Botucatu”, como aconteceu com Elisabete. “Minha luta é para dar um basta nisso. A prefeitura tem dinheiro, então monta um convênio, porque a minha irmã não será a última. Não foi do meu carro que ela caiu e não fui eu que quis leva-la pra Botucatu, ela foi encaminhada para lá. Saiu daqui andando e voltou nessa situação, então a responsabilidade não é da família”, desabafou. Este mesmo questionamento é feito por alguns vereadores na Câmara, que enxergam custo e risco maiores com o vai-e-vem de ambulâncias com dezenas de pacientes de Jaú para Botucatu diariamente, do que se a prefeitura estruturasse atendimento adequado na própria cidade. A Secretaria da Saúde ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.

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