Caso Marielle: delegado afastado da polícia escreveu livro sobre o crime e tem título de ‘Cidadão Jauense’

Delegado Giniton, afastado das funções policiais após investigar Caso Marielle, morou em Jaú e até recebeu título de Cidadão Jauense (FOTO: G1/Reprodução HoraH)

O delegado Giniton Lages, 50 anos, é um dos alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal no RJ neste domingo 24, na conclusão das investigações do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, há seis anos. Ele foi afastado das funções na polícia carioca pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF-Supremo Tribunal Federal. Giniton foi o primeiro delegado a investigar o crime, quando ainda chefiava a DH-Delegacia de Homicídios do RJ.

Giniton é conhecido dos jauenses. Ele nasceu em Cascavel, PR, mas fixou residência em Jaú junto com a família quando tinha 7 anos, em 1982, permanecendo na cidade até 2008. Nessa época ele estava se formando advogado na Faculdade de Direito de Bauru, ano em que também era aprovado no concurso público de ingresso na carreira de delegado de polícia no Rio de Janeiro, para onde se transferiu com a esposa e dois filhos.

Em 2012, por iniciativa do então vereador Carlos Ramos, o Kakai, delegado Giniton Lages recebeu o título de Cidadão Jauense na Câmara Municipal (Decreto Legislativo 361, de 17/02/11). No Rio, o Projeto de Resolução 475/20, autoria do deputado Delegado Carlos Augusto, homenageou Giniton com a Medalha Tiradentes na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj).

Ex-vereador Carlos Ramos, o Kakai, co-autor do livro ‘Quem matou Marielle?’, escrito por Giniton (FOTO: Reprodução web)

LIVRO – Quando foi afastado do Caso Marielle, em 2022, Giniton escreveu o livro ‘Quem Matou Marielle? Os bastidores do caso que abalou o Brasil e o mundo’, lançado no mesmo ano com 296 páginas. O ex-vereador e cientista político jauense Carlos Ramos é co-autor do livro. Na época, disse que a obra contava “as histórias de bastidores, as passagens que não se imagina que possam acontecer, mas que acontecem, para o bem e para o mal”. Questionado se esperava pela solução do caso, kakai respondeu: “Enquanto não for resolvido, o caso continuará sendo uma ferida aberta na história do Brasil”.

Hoje, além do endereço de Giniton, a PF também cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Marcos Antônio de Barros Pinto, um dos principais subordinados do então chefe do DH-RJ no início das investigações do Caso Marielle. Documentos, celulares e equipamentos eletrônicos foram apreendidos nas residências dos dois.

O CRIME – O que se revelou até agora, em resumo, é que os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do TCE-RJ, e Chiquinho Brazão, deputado estadual do RJ, presos hoje sob acusação de serem mandantes e autores intelectuais do assassinato de Marielle, fariam parte de um grupo político poderoso e com interesses em vários setores do Estado. Já o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil cariocas, teria sido preso por dificultar as investigações do caso. A motivação para o crime, segundo delatou o ex-PM Ronnie Lessa, preso em 2019 como autor da execução, teria sido o avanço da milícia no Rio; Marielle se opunha e fazia denúncias graves contra os envolvidos, atrapalhando os interesses do grupo.

HORAH – A verdade dos fatos