Com déficit mensal de R$ 2 milhões, Sta. Casa pode entregar hospital para o estado ou município

Pronto Socorro deve ser desocupado pela prefeitura em 60 dias (FOTO: Reprodução/G1)

DÍVIDA ACUMULADA DE JANEIRO A MAIO DESTE ANO FOI DE QUASE R$ 10,5 MILHÕES; provedor não vê saída e pede ajuda a vereadores, prefeito e o governo estadual

A crise financeira que levou mais de 300 hospitais filantrópicos e santas casas à falência nos últimos seis anos no País e que fez o hospital referência em câncer A.C. Camargo de SP a não atender mais pacientes pelo SUS, atinge também a centenária Santa Casa de Jaú. Os déficits estão virando verdadeiras bolas-de-neve: R$ 3,738 milhões em 2020, R$ 5,209 milhões em 2021 e, de janeiro a maio deste ano, média mensal de R$ 2,085 milhões ao mês. “Não sei como vai ser, porque está insuportável essa situação”, resumiu o provedor Alcides Bernardi Júnior.

Diversos alertas foram feitos nos últimos anos e, em particular, nos últimos meses, sem que surgisse uma solução para o problema. “Eu acho que a melhor solução é entregar a direção do hospital para o estado ou pro município, porque o dinheiro que vem não cobre as despesas”, explicou Jr Bernardi, como é conhecido. Recentemente o hospital emprestou R$ 10 milhões em banco e já admite a necessidade de fazer novo empréstimo para compensar os prejuízos, mas teme as consequências. “Temos uma pequena reserva para no máximo, no máximo 60 dias; depois disso não sabemos como vai ser. Se pegar mais R$ 10 milhões, aguenta uns cinco meses, mas tem que pagar e o dinheiro vai fazer falta pra quitar as demais despesas”.

Provedor Jr Bernardi mandou ofício com situação caótica do hospital para autoridades (FOTO: Reprodução/Sta.Casa)
Borgo pede que prefeito use superávit em caixa para aumentar repasses para o hospital (FOTO: Reprodução/TV Câmara)
Dívidas estão aumentando ano a ano, demonstra relatório da Santa Casa (FOTO: Reprodução/HoraH)

Ofício relatando a caótica situação da Santa Casa foi enviado ao prefeito, vereadores e representantes dos ministérios públicos estadual e federal com pedido de ajuda. A crise que se acentuou na pandemia, quando houve elevação brutal dos custos e também da demanda por atendimentos, ficará ainda mais grave com a necessidade de cumprimento da lei 14.434/2022, que instituiu o novo piso salarial do pessoal da enfermagem. “Eles merecem o aumento, é direito deles, mas a folha de pagamento na Santa Casa vai subir em torno de R$ 1,850 milhão ao mês e não temos esse dinheiro”, falou o provedor. A crise já foi tema de assembleia da Irmandade de Misericórdia do Jahu, mantenedora do hospital, no dia 9 deste mês, e foi comunicada também ao secretário estadual da Saúde Jean Gorinchteyn, que esteve ontem (15) em Bauru.

Jr Bernardi pediu ao prefeito Ivan Cassaro que reveja o convênio para manutenção do pronto-socorro, aumentando o valor mensal dos atuais R$ 2,420 milhões para “uns R$ 3 milhões mensais, pelo menos”. Ao mesmo tempo, espera por uma mobilização dos vereadores em busca de alternativas junto ao estado e ao próprio governo federal, visto que a tabela de procedimentos do SUS não é reajustada “há mais de 20 anos”. Preocupado, o vereador José Carlos Borgo enviou mensagem ao HORAH pedindo “ao prefeito, que é amigo pessoal do filho do presidente Bolsonaro; que é amigo do (ex-governador) Dória; amigo do governador Rodrigo Garcia, que, ao invés de mandar ambulância pra nossa região, mande recurso pra Santa Casa atender quem precisa”.

Borgo lembra ainda que a prefeitura “tem mais de R$ 100 milhões no caixa, só de superávit (excesso de arrecadação), então podia aumentar o repasse que faz atualmente para o hospital”. “Imagine se a Santa Casa parar de atender, para onde é que os munícipes vão?” – questionou o vereador. O presidente da câmara João Brandão, que é membro da Irmandade da Santa Casa, participou da assembleia do dia 9 “e sabe exatamente o que estamos enfrentando”, acrescentou o provedor Jr Bernardi, que espera o apoio de todas as forças políticas e autoridades jauenses para evitar o pior.

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