Lixo acumulado nas ruas, entulho em terrenos baldios e áreas públicas e ações preventivas ineficazes estão entre os motivos principais do crescimento da dengue em Jaú; caso está na mira de vereador e deve ir ao MP
De uma hora para a outra a dengue avançou além da conta e
registrou mais de 77 novos casos por dia em Jaú, no espaço de uma semana.
Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde na 2.a
feira 22, a cidade contabiliza 1.437 casos positivos de dengue, contra 896 no
dia 15. Ou seja: foram 541 casos a mais em apenas sete dias, o que pode ser
considerado um exagero se comparado com as médias das semanas anteriores.
Para ter ideia do salto que a doença deu, no boletim divulgado no dia 9, Jaú
tinha 775 casos confirmados de dengue; daí até o boletim do dia 15, foram 121
casos a mais, ou pouco mais de 17 ao dia. Se for feita a comparação do boletim
do dia 22 com o que a Saúde emitiu no dia 2 deste mês, a diferença é de 787
casos a mais para um período de 20 dias, o que representa 39,35 casos/dia:
prova irrefutável de que na última semana a dengue fugiu totalmente do
controle.
Os casos suspeitos também dispararam: eram 1.826 no boletim do dia 2, subiu
para 2.707 no dia 8 e está em 3.485 agora. São pessoas que recorreram ao
serviço público de saúde com sintomas da dengue (febre alta, dores pelo corpo,
indisposição geral etc.) e que estão aguardando o resultado do exame.
Importante observar ainda que todos esses números quase sempre fazem parte de
uma subnotificação, visto que muitas pessoas utilizam serviços particulares de
saúde ou outros meios sem notificação compulsória.
A evolução da dengue neste ano em comparação com o mesmo período de 2023
também assusta em Jaú. O boletim epidemiológico do dia 3 de abril do ano
passado indicava 106 casos positivos da doença na cidade e 405 suspeitos; no
dia 11 de abril eram 437 suspeitos e 135 confirmados – ou seja, 29 casos a mais
em uma semana, média de 4 casos ao dia.
Lixo acumulado pela cidade inteira por causa da deficiência na coleta (que
muitas vezes está levando até três dias para ser feita), terrenos baldios e
áreas públicas com acúmulo de lixo e entulho e falta de ações preventivas
eficazes estão contribuindo decisivamente para a dengue ter tido avanço sem
precedentes em Jaú neste ano. É comum encontrar recipientes nesses locais que
acumulam água e podem servir de criadouros para o mosquito transmissor da
dengue.
O vereador Fábio de Souza (PP) questionou o Grupo de Vigilância
Epidemiológica (GVE) de Bauru, que respondeu através do Engenheiro Cláudio
Gonçalves Cabello não ter sido consultado “quanto à metodologia de
controle empregada no município” e, segundo a diretora técnica do Departamento
Regional de Saúde (DRS), Márcia Helena Simonetti, não houve consulta pela
Prefeitura de Jaú sequer “quanto a aquisição/utilização de inseticidas
através de equipamento NAV”, sendo portanto “a atividade desenvolvida
de inteira responsabilidade do município”. Fábio pretende encaminhar a
documentação ao Ministério Público (MP) e demais órgãos de fiscalização, porque
além dos casos já confirmados de dengue na cidade, há duas mortes
contabilizadas neste ano.
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