EM 40 DIAS DESTE ANO, SANTA CASA INTERNOU 46% DOS PACIENTES COM COVID DE 2020

  • EXPLOSÃO DOS NÚMEROS (E DOS ÓBITOS) ESTÁ RELACIONADA ÀS FESTAS DO FIM DE ANO, DESOBEDIÊNCIA ÀS REGRAS DE PROTEÇÃO E, TALVEZ, A UMA VARIANTE DO CORONAVÍRUS EM JAÚ

Números divulgados com exclusividade ao HORAH pelo infectologista Daniel Márcio Elias de Oliveira, presidente da Comissão de Infecção Hospitalar da Santa Casa de Jaú, indicam que a explosão de novos casos de Covid-19 e de óbitos pela doença na cidade se deu em janeiro, mais especificamente depois da segunda semana do mês. Ou seja, há uma relação direta com as festas de fim de ano e aglomerações de pessoas sem o cuidado básico para evitar a propagação do novo coronavirus.

Como alertado e até esperado pela comunidade médica e sanitária, isso refletiu nas semanas seguintes e com um viés diferente de antes, acometendo pacientes mais jovens e com uma condição clínica mais grave. “Quando começamos a verificar isso, solicitamos à Vigilância Epidemiológica da cidade uma investigação para identificar alguma cepa viral, alguma mutação que justifique também esse aumento grande no número de casos”, revelou Dr. Daniel. Segundo ele, os jovens chegam ao hospital “com uma gravidade muito maior, comprometimento radiológico muito mais extenso, muitos deles já necessitando de cuidados intensivos”.

De acordo com o infectologista, essa cepa do vírus estaria “circulando na comunidade”, porque os pacientes chegam ao hospital com a infecção e em quantidade muito maior do que antes, “num curtíssimo espaço de tempo”. Daí o colapso do sistema hospitalar comunicado oficialmente pela Santa Casa na última semana de janeiro, sem leitos de enfermaria e de UTI para todos os doentes de Covid. Os números são assustadores: do início do ano até a 2.a feira, dia 8/2, a Santa Casa internou 335 pacientes positivos para Covid, correspondente a 46% das 714 internações de março a 31/12 do ano passado.

Mas o que se vê na Santa Casa é só “a ponta do iceberg, porque aqueles pacientes assintomáticos (estima-se que 30%) ou que não estão indo ao hospital são a maioria”. Em outras palavras, há uma legião de doentes passando a Covid para as outras pessoas. O infectologista Daniel Elias de Oliveira falou ainda ao HORAH que “não existe tratamento profilático (preventivo)” para Covid; que se Ivermectina e Cloroquina funcionassem, “Jaú estaria às mil maravilhas, porque as pessoas chegam ao hospital tomando [esses medicamentos] por indicação de pessoas que muitas vezes nem são da área médica”; e que “só o uso adequado de máscara, o distanciamento social e a higienização constante das mãos protege”.

Flagrante de paciente no corredor do PS da Sta. Casa: não há mais vagas (FOTO: Reprodução/TV Tem)
Santa Casa é referência SUS em Jaú para tratamento da Covid-19 (FOTO: Reprodução)

O presidente da Comissão de Infecção Hospitalar afirmou categoricamente que “a Santa Casa é segura”, que possui “os índices de infecção mais baixos possíveis” e que a central de materiais tem certificações “como nenhum outro hospital público do Estado e do Brasil”. Dr. Daniel observou, porém, que a capacidade do hospital “é finita” e que a demanda de pacientes nunca foi tão grande — o que pode levar a infecções relacionadas à assistência dessa gente toda. Quanto ao programa Tele-UTI, ao qual a Santa Casa aderiu recentemente, falou que apesar dos profissionais capacitados que o hospital possui, “a troca de informações sempre é muito benéfica”.

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