Inundação – FAMÍLIAS NARRAM DESTRUIÇÃO, LAMA E FALTA DE AJUDA OFICIAL

‘VEREADORES’ FIZERAM FOTOS E VÍDEOS E FORAM EMBORA, RECLAMAM MORADORES QUE FICARAM NO PREJUÍZO

Casas no bairro Santo Antônio em Jaú continuam tomadas pela lama, depois de terem sido invadidas pela enxurrada na 5ª feira (30) à tarde. Toda a água de chuva dos bairros Maria Luiza 2 e 4 foi parar nessas casas, na Rua Francisco Canhos, ao lado da caixa d’água, depois da queda de uma barreira que bloqueou os trilhos da estrada de ferro e desviou a enxurrada do curso natural. Até por volta das 10h30 desta 2ª feira (3), os moradores esperavam ajuda da prefeitura para limpeza dos quintais e residências.

Moradora tentando impedir que a lama entrasse ainda mais dentro de casa; e a cozinha tomada pela lama (FOTOS: Reprodução)

“Perdemos tudo dentro de casa: fogão, geladeira, cama, roupas, até remédios”, contou Ingrid Alessandra Moreira Campos, 29 anos, que mora em dois cômodos com três filhos pequenos, de 7, 3 e 2 anos de idade. “A água chegou no joelho e estragou tudo. Fiquei sem fogão, geladeira, guarda-roupas… Recebemos ajuda das meninas da Casa da Criança, do CREAS (centro de referência especializado em assistência social) e da população. Mas o lamaçal continua no quintal, apesar da gente ter trabalhado na base da enxada todos esses dias”, comentou Alda Cristina Barbosa, 36, que tem duas filhas de 13 e 6 anos.

Assim que a água começou a invadir as casas a prefeitura foi chamada e algumas pessoas compareceram, mas não resolveram. “Apareceram também uns vereadores que a gente não conhece, que tiraram fotos, fizeram vídeos pra por na internet e foram embora, dizendo que não podiam fazer mais nada. Vieram fazer política em cima do nosso desespero. Eu esperava um pouco mais de humanidade”, disse Alda. “Eles (pessoal da prefeitura) disseram que iam voltar 2ª feira, que é hoje, mas até agora não voltaram”, acrescentou Ingrid. Emerson Cristian, primo de Alda, ajudou a tirar o que pode de dentro das casas. “O dia foi desesperador”, avaliou. A decepção com a prefeitura e secretaria da Mobilidade Urbana (Ceprom) foi tanta, que ele chegou a se exaltar. “Falei umas verdades e eles não gostaram”.

Aos 86 anos, dona Sebastiana Ferreira da Silva contou que já passou um pouco de tudo em Jaú, trabalhou na roça, cortou cana, fez faxina, “mas nunca vi uma coisa tão difícil como a que nós passamos agora”. Netos e bisnetos foram acudidos por ela na medida do possível: “Não podia sair, porque a enxurrada me arrastava”. Na casa dela, “o tanquinho queimou e a máquina de lavar acho que também”. Até a conclusão desta matéria a Secretaria de Comunicação da prefeitura não havia divulgado nenhuma informação sobre auxílio oficial às famílias. Quem puder ajudar pode fazer contato direto pelo telefone (14) 9-9893-9211 (Alda).

c/ participação e fotos de Tuca Melges/Jornal Opinião

Moradores salvaram o que deu, mas ainda assim está tudo molhado e danificado (FOTO: Tuca Melges/Reprodução)

HORAH – A verdade dos fatos