COMO IVAN CASSARO E NETO LEONELLI SÃO RÉUS, VICE-PREFEITO ATUA NA INVESTIGAÇÃO DE SUPOSTO ESQUEMA PARA FAVORECER EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS NA PREFEITURA DE JAÚ
Uma situação nada usual foi determinada em sentença do juiz Waldemar Nicolau Filho, da 2ª Vara Cível de Jaú: ele mandou “intimar” o vice-prefeito Tuco Bauab para atuar em ação popular em que são réus o prefeito Ivan Cassaro e o secretário de Projetos, Norberto Leonelli Neto. A decisão é do dia 4; na 3ª feira 9, Tuco prontamente se manifestou na ação. “Não procurei isso, fui intimado pelo juiz e não vou prevaricar: o que tiver que ser investigado, que seja investigado”, resumiu.
“Nunca vi uma situação dessas, mas acredito que seja pela trajetória ilibada do Tuco nesses 10 anos de vida pública que ele tem”, comentou o advogado André Lotto, que representa o vice neste caso. Na representação levada ao Fórum, ele diz que o secretário Neto Leonelli é sócio-proprietário da empresa Ferrari & Leonelli Empreendimentos Imobiliários, “cujas atividades incluem loteamentos, compra e venda de imóveis e obras de engenharia”. Só por isso já “não poderia ser secretário de Projetos, pelo conflito de interesses que viola o princípio supremo da impessoalidade”, argumenta.
Ao HORAH, Lotto cita informações de que quando o sócio Caio Ferrari vai à secretaria, Neto “realiza reuniões a portas fechadas, pede para os funcionários saírem e parece que até as câmeras (de monitoramento) ele mandou retirar”. Na representação, questiona: “Qual seria o motivo de todo esse sigilo e intimidade?” E não para por aí: “Comenta-se que o sr. Norberto já prestou serviços de assessoria jurídica para o empresário Fábio Yang, cujo Loteamento Santa Marta foi lançado na presença do prefeito Ivan Cassaro, que não mediu esforços em favor dele”.
Reportagens e vídeos de 13/1 de fato mostram Ivan atuando como uma espécie de ‘garoto propaganda’ do loteamento de Yang — tudo devidamente registrado na representação. “(…) mais uma opção de vocês verem o preço e a qualidade desse empreendimento, (…) pra vocês escolherem o que é melhor: o preço e a qualidade. Então, ó, fica atento aí: qualidade e preço e melhoria pra nossa população”, diz o sorridente Ivan, enquanto faz sinal de positivo ao lado de vereadores, secretários e Yang. “A gente tá muito feliz, que graças ao Ivan a gente conseguiu destravar todos os processos burocráticos e estar lançando esse empreendimento hoje pra população de Jaú”, enfatiza Yang.
Para o advogado Lotto, isso demonstra “uma triangulação preocupante”, que teria contado ainda com a participação do vereador Chico Quevedo, citado na representação “como papagaio de pirata do prefeito”. Segundo o documento protocolado no Fórum, Chico pode “ter atuado na indicação e nomeação de Neto Leonelli para satisfação de interesses próprios e de terceiros, por supostamente ser sócio oculto de empreendimentos imobiliários”. Lotto destaca que “outros empresários não tiveram as facilidades do sr. Yang” e que espera “mais diligências do Juízo no sentido de averiguar melhor os fatos”. Afinal, a secretaria de Projetos, hoje nas mãos de um empreendedor imobiliário, é responsável pela emissão de alvarás, certidões, licenças, parcelamentos do solo, loteamentos etc.
AÇÃO POPULAR – A Ação Popular que pretendia impedir a nomeação de Neto Leonelli ou, caso já tivesse ocorrido, que defendia a exoneração dele, foi proposta originalmente pelo repórter fotográfico Flávio Augusto Melges, o Tuca. Ele levou ao conhecimento da Justiça que o agora secretário de Projetos responde a ações por improbidade administrativa da época em que assessorou o então prefeito Osvaldo Franceschi Jr, todas em grau de recurso e ainda não transitadas em julgado. A liminar pretendida por Melges foi indeferida pelo juíz, que, entretanto, mandou intimar o vice-prefeito para representar a municipalidade contra Ivan e Neto.
Nota da Redação: HORAH solicitou a manifestação oficial da Secretaria de Comunicação da prefeitura sobre os fatos e aguarda também o posicionamento dos envolvidos e citados para retornar ao assunto.
HORAH – A VERDADE DOS FATOS
