Dezoito dias depois de coletar dados no sistema Vacivida para responder questionamentos feitos pela Câmara Municipal, a Secretaria da Saúde de Jaú ainda não conseguiu explicar o que a titular da pasta chamou de ‘inconsistências’. Ela se refere à vacinação contra a Covid-19 de quilombola e indígena, sem que tenha registro oficial dessas populações no município, e de ‘idosos’ de 18 a 59 anos, sendo que a 2.a dose foi aplicada em mais do que o dobro daqueles que receberam a dose inicial.
Com repercussões negativas na Câmara e na mídia, a secretária Ana Paula Rodrigues disse em nota que uma sindicância apuraria essas ‘inconsistências’ e transferiu culpa para ‘o sistema’ de onde os dados foram extraídos. Isso se deu 13 dias depois que as informações foram relacionadas em documentação oficial assinada por ela. Por fim, no sábado (29) a secretária divulgou vídeo ao lado de técnicos com novas explicações, cuidadosamente escritas e lidas em um roteiro.
Em resumo, esclareceram que as “doses para idosos foram aplicadas em idosos” e que “as demais, que aparecem de 18 a 59 anos”, foram destinadas a profissionais da Saúde, pessoas da linha de frente no combate à Covid ou aquelas “que estão em lar de longa permanência e não necessariamente só idosos”. A justificativa é que o sistema faz isso “automaticamente (…), como se fosse um idoso com 18, 22 e outras idades”, mas que as ‘inconsistências’ são corrigidas periodicamente. Assim mesmo, Ana Paula disse que criou “uma comissão interna” para acompanhar tudo e que a sindicância “vai apurar os fatos”. Para completar, afirmou que “um terço da população já foi vacinada, o que significa mais de 50 mil doses aplicadas”.
Pouco adiantou. “Na tabela que recebemos [da Saúde] estão indicados idosos e idosos em unidades de longa permanência”, pontuou o vereador Mateus Turini, um dos que requereram informações à secretaria. “Então não confere essa informação, porque são duas categorias diferentes”. Ademais, observou que Ana Paula e equipe “não responderam sobre quilombola, indígena e menores de 60 anos, apenas tergiversaram”. Sobre a vacinação da população, foi taxativo: “Quero corrigir a secretária, porque não são 50 mil pessoas vacinadas; que tomaram as duas doses (e são consideradas imunizadas) não chega a 20 mil”. Para Mateus, “as dúvidas persistem” e as suspeitas de que houve algo errado, também.
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