- Problema se concentra em apenas um quarteirão na Rua José Monari, confluência com a Av. Nenê Galvão: prefeitos e autoridades não fazem nada
- Inundações se repetem em vários pontos da cidade, seja em bairros ou na área central; destruição e prejuízos são comuns
Imagine ir ao supermercado, começar a chover e você ter de largar tudo e voltar correndo para empunhar rodinhos e impedir que a água inunde sua casa. Pois é isso o que faz a dona de casa Terezinha de Fátima Rosin, a Tera. Nem precisa ser chuva forte, para as casas dela e dos vizinhos serem tomadas pela água, que escorre da rua. O problema é que esse medo da chuva e inundação se arrasta há cerca de 20 anos, sem solução. Tera não sabe mais o que fazer nem a quem recorrer.
BARREIRAS – “Em questão de minutos a água se acumula na frente das nossas casas e começa a invadir. Fizemos barreiras nos portões para evitar problemas maiores, mas mesmo assim a garagem fica cheia d’água”, conta a moradora. O portão da casa dela é lacrado na parte de baixo e tem um borrachão de fora a fora para dificultar a passagem da água. “No corredor, colocamos um sistema abre/fecha que impede a entrada de barro. Quem não tem isso sofre com a água e o barro. É um horror”, explica.
GRELHA – As casas atingidas por inundação, sempre que chove um pouco a mais do que o normal, ficam em apenas um quarteirão da Rua José Monari, próximo à confluência com a Av. Nenê Galvão, no Alvorada, Zona Norte. A água escorre principalmente pela Rua das Palmeiras, passa ao lado da mansão de um mega empresário jauense e, sem drenagem, acumula em frente às residências do lado de baixo da avenida. “Precisava fazer aqui o que foi feito em frente ao supermercado, do lado do shopping: recortar o asfalto e por grelhas para não deixar a água acumular”, diz Tera. De fato, chegava a entrar água no mercado que ela citou, até que foi providenciada a drenagem na avenida – e se lá foi possível, por que não fazer o mesmo no Alvorada?
TRÁGICO E CÔMICO – A moradora diz que o projeto da Av. Nenê Galvão indica a existência de galerias pluviais justamente na confluência da via com as ruas das Palmeiras e José Monari. Por isso a vizinhança acredita que a colocação de grelhas no local permitiria conduzir a água da chuva para essas galerias, acabando com as inundações. “Além de trágico para nós moradores, hoje chega a ser cômico. Enquanto a gente quase morre afogado puxando água de dentro de casa, as pessoas param do lado de cima da avenida e ficam tirando fotos e filmando o nosso desespero”, conta Tera, que perdeu a conta de quantas vezes pediu apoio aos vereadores e a intervenção do Município no local. Sem falar na desvalorização dos imóveis, ano após ano. “Quando construímos aqui, não tinha nada disso; o problema veio depois”, observa, referindo-se aos bairros feitos acima do ponto onde reside, também desprovidos de drenagem.
MP – Recentemente, em resposta a requerimento do vereador Barbieri, o Ministério Público sugeriu alternativas para bairros desprovidos de sistemas de drenagem. São três: o Município executar o serviço por conta própria; acionar os loteadores – o que atingiria também os gestores de cada período; ou a Câmara instaurar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para apurar os fatos e responsabilizar quem de direito. Depois de ficar engavetada na presidência da Câmara por 40 dias, até ser descoberta pelo vereador Tuco Bauab, da oposição, a correspondência foi apresentada em plenário – mas nenhuma providência foi tomada até hoje, o que vai perpetuando o problema na cidade.
SÃO CRISPIM – No São Crispim, outro bairro da Zona Norte afetado por inundações por falta de drenagem, licitação para construção de escada hidráulica, que reduziria a velocidade da água até conduzi-la para galerias a serem construídas no local, foi anulada pela Prefeitura. A alegação é que uma das empresas participantes do certame impetrou recurso, paralisando a licitação – abertura de envelopes comerciais foi suspensa dia 1/11 e o extrato de anulação publicado dia 26/11. Em abril deste ano, casas foram novamente inundadas no bairro, um carro parado na rua foi arrastado pela enxurrada, derrubou muro e foi parar dentro de condomínio vizinho. Vários moradores estão com ações de indenização judicial conclusas para julgamento no Fórum, contra a Prefeitura, como divulgou HORAH na Rádio Piratininga, semana passada.
HORAH – Jornalismo com Responsabilidade