Marcos Bilancieri, de Boraceia, diz que se ideia fosse apresentada antes, não votaria em Bolsonaro
Prefeito de Boraceia, região de Pederneiras, Marcos Bilancieri criticou a proposta do Governo Federal de extinguir municípios com menos de 5 mil habitantes, que não tenham ao menos 10% do orçamento em receitas próprias. “Isso devia estar no plano de governo do (presidente Jair) Bolsonaro, mas se ele tivesse feito essa proposta antes, eu não teria votado nele, porque não concordo”, justificou ao HORAH. “Também discordo da forma como essa proposta foi feita”.
Bilancieri disse que Boraceia não deverá ser atingida pela medida, caso aprovada pelo Congresso, porque acredita que até entrar em vigor a cidade já terá passado dos 5 mil habitantes – hoje, segundo o IBGE, conta com 4.823 moradores. “Só no atual mandato, entregamos mais de 430 unidades habitacionais, entre públicas e privadas, o que aumentou bastante a população”, observou, lembrando que em 2020 haverá Censo oficial e que Boraceia “apresentará crescimento” – em caso de extinção, a cidade voltaria para Pederneiras, de quem já foi distrito.
IMPOSTOS – O prefeito discorda dos critérios propostos. “Fala-se em 10% de arrecadação própria, mas o governo diz isso porque quer que os municípios aumentem a cobrança de IPTU e ISS e eu sou contra. Ninguém suporta mais tanto imposto”, comentou. “Temos um orçamento de R$ 22 milhões, porque geramos bastante ICMS. Não somos sanguessugas do governo. Nós mandamos mais dinheiro do Fundeb do que recebemos, mandamos muito mais ICMS do que é gerado de volta para o município. Não dependemos do governo. Essa proposta precisa ser melhor estudada”, protestou.
ECONOMIA – O simples fato de extinguir municípios e anexa-los às cidades vizinhas não vai gerar economia, segundo Bilancieri. “Tem como economizar de forma racional, debatendo com a sociedade. Acredito que uma medida dessas não passa no Congresso, porque seria enganar o povo, seria tocar uma faca nas costas da população”, concluiu o prefeito, cuja cidade é reconhecida regionalmente pela eficiência dos serviços públicos.
DEFENSOR – Bilancieri costuma brigar por Boraceia, até de maneira inusitada para um gestor público. Há 2 anos, por exemplo, cansado das constantes quedas de energia elétrica na cidade, que traziam transtornos à população e prejuízo ao comércio, ele foi protestar na sede regional da CPFL em Bauru. O prefeito se acorrentou nas grades da empresa, montou uma barraca e prometeu ficar lá até a CPFL solucionar o problema. O protesto ganhou destaque na mídia e a empresa melhorou a qualidade do serviço oferecido em Boraceia.
NA LISTA – Municípios de todo o País estão na lista daqueles que podem ser extintos (ante a reação contrária, data já foi esticada para 2028). Nas proximidades de Jaú, aparecem Boraceia, Itaju (3.835 habitantes) e Trabiju (1.724); próximos a Marília, Campos Novos Paulista (4.965), Espírito Santo do Turvo (4.829), Júlio Mesquita (4.776), Ocauçu (4.289) e Oscar Bressane (2.603), dentre outros.
HORAH – Você sabe das coisas
