FAMÍLIA O ACUSA DE NÃO ATENDER LIGAÇÕES PARA INFORMAR PARADEIRO DO GAROTO; ordem seria do chefe, porque vizinha (e não a mãe) aguardava pelo aluno
Boletim de Ocorrência registrado na noite da 3ª feira 17 relata mais um problema envolvendo o transporte escolar da prefeitura de Jaú, o segundo deste ano com aluno especial da APAE. Desta vez o cadeirante Gabriel, 18 anos, teria ficado cerca de 2 horas incomunicável e sem que a família soubesse do paradeiro dele, até ser deixado em frente à escola. Por causa dos ânimos inflamados de familiares e até de ameaças, o motorista chegou a ser escoltado pela PM.
“Ouvimos as partes e suas alegações e o B.O. seguiu para a CPJ”, resumiu ao HORAH o delegado plantonista Márcio Moretto. “Fizemos o B.O. e agora vamos à Justiça”, disse a mãe de Gabriel, Jaqueline Augustini. Segundo ela, o motorista de nome Clodoaldo foi levar o garoto em casa, no Residencial Frei Galvão, Zona Norte, mas não quis deixa-lo com a vizinha. “Eu não estava muito legal e tinha pedido para ela pegar o Gabriel. Ele (o motorista) simplesmente fechou a porta do ônibus e foi embora, mesmo tendo meu celular e WhatsApp”, contou.
Alegando que o motorista “praticamente sequestrou e fugiu” com Gabriel, a mãe se desesperou e passou as 2 horas seguintes tentando falar com ele. “Não atendeu minhas ligações nem do meu marido, do meu ex-marido – que é o pai do Gabriel –, da escola, do Conselho Tutelar, dos PMs, de ninguém”, falou ao HORAH. Todos foram para a frente da APAE até que o chefe dos motoristas, apontado no B.O. como Leandro, chegou e logo depois o ônibus surgiu sob escolta policial para evitar que Clodoaldo fosse agredido.
“Nossa maior preocupação era com a saúde do Gabriel, porque a gente não sabia como ele estava reagindo a tudo isso. Ele fica nervoso e tem crises epiléticas, então ficamos apavorados”, relatou a mãe. Questionada se o motorista não agiu certo ao não deixar o garoto com a vizinha sem prévio aviso, ela concordou em princípio, mas sustentou que ele devia ter feito contato ou atendido as ligações. No B.O., Leandro informou que “mandou Clodoaldo continuar o trajeto, colocando a criança no banco dos fundos do ônibus (…), apesar de saber que tal local não seria adequado”, até que fosse entregue diretamente à família.
Esta não é a primeira vez que a família enfrenta problema com o transporte da prefeitura. Há 4 anos, Gabriel caiu do ônibus, sofreu várias fraturas, inclusive no fêmur, e teve de ser operado. Para a mãe Jaqueline, houve negligência no transporte e até hoje o caso está sendo discutido na Justiça. “Quando a APAE fazia o transporte com a empresa Brambilla era tudo certo, mas bastou passar para a prefeitura que começaram os problemas”, reclamou.
Só neste ano já são dois casos envolvendo alunos especiais, o primeiro deles em 14 de abril. Na ocasião, o menino Davi, que fez 8 anos recentemente, foi ‘esquecido’ no ônibus a caminho da APAE por 4 horas. Ele só foi encontrado quando funcionárias da escola foram levar chocolates de Páscoa na casa dele, por volta das 16h. “Me desesperei porque o ônibus passou em casa era meio-dia, como que ele não tinha chegado na escola? Aí começamos a ligar e o motorista disse que ele estava no ônibus”, contou a mãe, Débora de Carvalho. Traumatizado, o menino não voltou à escola porque começa a tremer cada vez que ouve o barulho do ônibus. Neste caso a prefeitura abriu procedimento administrativo e a família decidiu ingressar na Justiça.
NOTA DA REDAÇÃO – Tal qual aconteceu em abril, agora a reportagem também levou o episódio ao conhecimento da Secretaria de Comunicação da prefeitura e espera por um posicionamento oficial. A secretária da Educação Elenira Cassola também foi informada e HORAH aguarda pelo retorno.
HORAH – A VERDADE DOS FATOS