Revelações do hacker deixam vereadores perplexos; cunhado da prefeita teria falado até em mandar matar adversária política

Eduardo Borgo, que preside a comissão da Câmara, e o hacker Patrick Brito, durante audiência pública sobre a espionagem (FOTO: Reprodução TV Câmara Bauru)

As revelações feitas pelo hacker Patrick César Brito sobre invasão e espionagem de redes sociais e até conta bancária de adversários políticos da prefeita de Bauru, a mando do cunhado dela, Walmir Braga, assustaram e deixaram perplexos os vereadores da comissão criada na Câmara para investigar os fatos. Patrick prestou depoimento online nesta 4.a feira 27 — ele deixou a prisão há cinco dias e continua na Sérvia. O mais grave foi em relação à vereadora Estela Almagro, que, segundo o hacker, Walmir cogitou mandar matar por odiar a postura política dela contra a prefeita Suéllen Rosim.

“O Walmir, ele tem muita raiva quando se coloca alguma coisa negativa da prefeita (…). Ele ‘tava’ muito nervoso (…). Em uma das conversas, ele falou assim: dá até vontade de matar, se referindo à vereadora Estela” – declarou Patrick, que daí em diante teria passado a monitorar a vereadora com medo de que o cunhado da prefeita fizesse algo mais grave que pudesse envolvê-lo de alguma forma “num homicídio”.

Ao HORAH, a vereadora disse ter tomado providências imediatamente. Primeiro, em relação à segurança pessoal e familiar; e que também acionou as direções estadual e nacional do partido dela, o PT, solicitando “medidas jurídicas e políticas, junto inclusive à Procuradoria de Justiça do Estado, porque se refere ao mandato de uma parlamentar e a dois poderes da cidade: o Legislativo e o Executivo”. Ela considerou as declarações do hacker gravíssimas, apesar de se tratar de alguém que confessou a prática de crimes, “porém, mais criminoso é quem o contratou”.

O jornalista Nelson Itaberá também foi vítima da ação do hacker (FOTO: Reprodução TV Câmara)

Patrick confirmou ter sido contratado e pago pelo cunhado da prefeita para invadir as redes sociais de Estela e do jornalista Nelson Itaberá, sendo que este último teve também a conta bancária vascunhada e todas as informações transmitidas via e-mail para Walmir. O objetivo era achar “algum podre” para desmoralizá-los publicamente. “Os indícios são muito fortes, com boletos que teriam sido pagos pelo cunhado da prefeita e tudo o mais”, disse o vereador Eduardo Borgo, presidente da comissão que investiga o caso.

Borgo acha “absurdo e assustador” não haver nenhum inquérito aberto sobre este episódio, e pretende encaminhar a transcrição das declarações do hacker e a documentação enviada por ele para “o Ministério Público, Polícia Federal e demais autoridades”. O vereador diz que nos próximos dias convidará Walmir para “dar a versão dele e se defender” perante a comissão da Câmara, concluindo que “quem não deve, não teme”, e que irá “até o fim nas apurações”.

A prefeita Suéllen já disse por meio de nota que não conhece Patrick Brito nem nunca teve qualquer contato com ele; que acha absurdo vincular o nome dela a este caso e que tomará medidas judiciais cabíveis. A ação do hacker teria ocorrido entre julho e agosto de 2021. Agora que o caso se tornou público, Walmir foi inclusive exonerado do cargo de assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Jr na Assembleia Legislativa, onde recebia salário de quase R$ 15 mil.

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