- Alegada falta de médicos esbarra no contrato que obriga empresa a fornecer profissionais
- Irritado, prefeito ataca quem critica e fala que denunciar ao MPF “não dá em nada”
- Um dia após tomar esfrega público, secretária melhorou atendimento a pacientes da pandemia
Dois médicos simultâneos no PA São Judas e atendimento mais rápido à população nesta 3ª feira (25). Este foi o primeiro reflexo do esfrega que a secretária da Saúde Ana Paula Rodrigues e o prefeito Ivan Cassaro tomaram ontem dos vereadores da oposição e do vice-prefeito Tuco Bauab. Em lives que esparramaram nas redes sociais, Tuco e o vereador Fábio Souza escancararam o caos na Saúde e a gestão manquitola de Ana Paula, que chegou ao cúmulo de perguntar se os dois tinham “alguma solução” para os problemas do setor.
Hoje cedo, em entrevista à imprensa ‘convidada’, um Ivan visivelmente nervoso disparou: “Tem muitos meios de ajudar do que criticar. Tem certos vereadores que precisam parar de fazer isso, pra vim (sic) ajudar e fazer projeto, e não meter o pau no governo que trabalha 24 horas pra cidade”. Ele se referia à fiscalização no São Judas e à representação que os vereadores José Carlos Borgo, Luizinho Andreto e Mateus Turini fizeram ao Ministério Público Federal (MPF). “(…) ir no Ministério Público, levar um monte de papel assim e não dar em nada, só pra fazer política contra nós”, destacou Ivan.
Um mal ensaiado jogral com 3 funcionárias da Saúde e um vídeo de Ana Paula distribuídos no início da noite de ontem foram as primeiras tentativas de reação do governo ao tom mais crítico da oposição. Nos dois casos, a defesa da administração se pautou pela distorção dos fatos, apontando a legítima fiscalização dos vereadores e do vice-prefeito como tentativa de ‘tumultuar’ e ‘destruir’ o trabalho da Saúde. Como se eles – e não o próprio governo – fossem responsáveis pela falta de médicos, demora de mais de 5 horas no atendimento de casos gripais e de Covid, logística equivocada que mistura pacientes positivados com suspeitos e até crianças, dentre tantos outros problemas.
Tuco falou à secretária que falta liderança e gestão, e que a cidade corre o risco de ficar sem médico (por não valorizar esses profissionais); Fábio Souza cobrou “gratificação pro pessoal da linha de frente” contra a pandemia; e Ana Paula reagiu afirmando que “não tem médico para contratar”. Provavelmente se esqueceu que é ela a gestora do contrato da prefeitura com a Clínica Médica Daher e Mansur Ltda., de Tietê-SP, ganhadora da licitação para fornecer “profissionais de medicina em quantidades suficientes para atender as escalas de plantão e número de horas comprados, 7 dias por semana” (Cláusula 2ª). Ou seja, que basta cobrar a presença desses profissionais, podendo advertir a empresa por escrito, multa-la em 5% do valor do contrato e até suspender temporariamente ou rescindir tal contrato se a prefeitura não for atendida (Cláusula 6ª).
Relatos de médicos nas redes sociais dão conta de que alguns devem deixar o serviço em Jaú para trabalhar em Bauru (recebendo refeições, reembolso do pedágio, estrutura adequada de trabalho e salário condizente) e até na pequenina Itapuí (ganhando mais, não atendendo Covid e recebendo rigorosamente em dia). Também há citações de plantões ainda não pagos pela prefeitura de Jaú, de perseguições e de um ambiente “infernal”, resultado da má gestão da pasta e da indisfarçável falta de habilidade do prefeito para o exercício da função pública. Com isso tudo acontecendo, será que ‘dias melhores virão’, como Ivan apregoou em campanha, ou ‘essa é só uma fase ruim, que ainda vai piorar muito’, como se diz popularmente?
HORAH – A verdade dos fatos
