Sem resposta da Cultura, professora cobra respeito a monumentos: “Nada a ver com política, tem a ver com história”

Educadora há 40 anos em Jaú, Vera Lúcia cobra respeito aos monumentos que contam a história da cidade (FOTO: Reprodução/TV Câmara)

Sem saber mais a quem recorrer, a professora Vera Lúcia de Toledo Pedroso ocupou a Tribuna Cidadã da Câmara de Jaú para falar aos vereadores na última sessão ordinária deste ano, sobre os monumentos que ajudam a contar a história dos 170 anos da cidade. O monumento do Desbravador, por exemplo, presente da colônia italiana inaugurado no centenário jauense em 1953, não possui placa indicativa dos seus idealizadores e executores. “Uma falha muito grande da Cultura”, ressaltou a professora com mais de 40 anos de atividade profissional.

Monumento ao Desbravador, presente da colônia italiana inaugurado em 1953, no centenário jauense (FOTO: HoraH)

Dentre todos os que se esforçaram para que o monumento existisse, apenas um está vivo: professor Germano Fachini, que no dia 29 vai completar 99 anos. “Acho que homenagens póstumas são boas, mas vamos fazê-la em vida!” – cobrou a educadora. Ela afirmou que professor Germano “foi quem mais se dedicou” ao monumento do Desbravador, instalado hoje na rotatória de confluência das ruas Rui Barbosa (antiga rua da Polenta, onde se concentravam os italianos em Jaú), Major Prado e Tenente Navarro, considerado um dos mais belos e expressivos da cidade.

Professora Vera Lúcia foi aos vereadores porque não sabe mais a quem apelar para o monumento receber uma placa homenageando seus criadores, entre os quais Waldemar Bernardi, Enéas Sampaio de Souza, Olívio Ciolla, Ivo Moreto e, claro, Germano Fachini. “Procurei a secretária da Cultura (Marilda Casonato) há uns dois meses e, como ela não é jauense, contei toda a história do monumento, entreguei um resumo da vida do professor Germano e pedi que a atual administração fizesse uma placa para colocar lá”, disse.

Professor Germano Fachini foi quem mais se empenhou para que o monumento virasse realidade, mas não é citado em nenhuma placa (FOTO: Reprodução/Arquivo pessoal/TV Câmara)

SEM RESPOSTA – “Não obtive resposta. Cobrei novamente e ela me disse que ia ver o andamento do pedido. Silenciou. Eu acho que o silêncio é uma resposta também, porque já faz tempo”, concluiu Vera Lúcia. “O poder público tem a obrigação de zelar pela história, preservar e homenagear quem fez (o monumento). Não sei outro caminho, por isso estou aqui hoje, cobrando uma atitude. Acho que é um assunto supra-partidário. Não tem nada a ver com política, tem a ver com história!”

O pronunciamento da educadora pode não ter ecoado na administração de Jorge Cassaro, mas encontrou apoio na sociedade jauense. “Recebi telefonemas e houve uma promessa de fazerem a placa e homenagear o professor Germano e os demais criadores do monumento em janeiro”, disse na manhã desta 5.a feira (14) ao HORAH. Além de agradecer a divulgação, professora Vera Lúcia disse que isso ajudará a “resgatar a história e a dignidade de pessoas ilustres” da cidade.

HISTÓRIA – O monumento ao Desbravador foi desenhado inicialmente por Waldemar Bernardi; os professores do Instituto de Educação, Germano Fachini e Enéas Sampaio de Souza, ajudaram a fazer o protótipo em argila; depois, professor Germano usou um representante da colônia italiana que posou para ele fazer a modelagem em gesso, no tamanho natural. O grupo procurou por Olívio Ciolla e Ivo Moreto, donos de uma fundição na cidade, que abraçaram a causa.

“Como eles não dominavam a técnica da escultura oca em bronze, lá foi o professor Germano buscar quem sabia em São Paulo, que junto com o Olívio fizeram a cera dormida, usada no Império Romano. Por fim, Ivo Moreto finalizou a obra esmerilhando cada detalhe”, contou professora Vera. Com a nova técnica, Jaú passou a ser um pólo de exportação de esculturas desse porte até para outros estados, se tornando “destaque na arte nacional”.

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