ATÉ QUEM VIVIA DESAFIANDO A OPOSIÇÃO SOBRE ESSA VOTAÇÃO SE CALOU; mas seria só falta de voto?
Foi o maior vexame político dos últimos anos: por 9 votos a 7, vereadores governistas adiaram a votação das contas de 2019 do ex-prefeito Rafael Agostini, depois de passarem dois anos desafiando a oposição. Tão logo o presidente João Brandão anunciou o assunto na sessão da 2ª feira 21, o aliado Chico Quevedo levantou Questão de Ordem: “Solicito o adiamento dessa votação por 20 sessões, para melhor discussão com os demais vereadores”. O oposicionista José Carlos Borgo tentou questionar, mas o presidente não deu ouvidos e seguiu a votação a toque de caixa.
Para rejeitar as contas seriam necessários dois terços dos vereadores, mas os governistas só tinham sete. Os rompantes sempre irônicos e ameaçadores de Maurílio Moretti, pré-candidato do prefeito Ivan Cassaro à presidência da Câmara, deram lugar à concordância pelo adiamento exagerado para votação das contas e ao mais absoluto silêncio. Ficou evidente: a falta de voto se converteu em recuo vergonhoso dos governistas, prova também da ausência de liderança política do prefeito.
Ao menos um aliado se arriscou numa justificativa sem pé nem cabeça: “Leiam atentamente o despacho dos conselheiros do Tribunal de Contas para analisarem as contas”, recomendou Tito Coló para o longo período do adiamento, que vai vencer só no início do 2º semestre de 2023. “Tinha um vereador que chegava aqui e perguntava: ‘cadê as contas?’, ‘quando vai votar?’. Cobrou pra vir e agora votou pra adiar. Não entendendo mais nada” – ironizou Chupeta, referindo-se a Moretti.
Em ao menos dois discursos estridentes em novembro do ano passado e maio deste ano, Moretti desafiou: “Chegou (sic) as contas do sr. Rafael Agostini. Quero ver votar, porque veio do Tribunal desfavorável, com 44 apontamentos (…). A gente vai ver quem está a favor da população ou quem está aqui mandado por empresário ou por ex-prefeito, entendeu?”. Questionado por HORAH, Rafael disse que fez a própria defesa junto ao Tribunal sobre os apontamentos iniciais, que, por fim, “aprovou as contas por considerar que as dúvidas foram devidamente esclarecidas”.
Nos meios políticos se levantou a tese de que faltam votos e sobram receios a Ivan. É que as contas dele devem chegar com apontamento de irregularidade grave na contratação emergencial e sem licitação do serviço cata-galhos. Foi o que sugeriu o conselheiro do TCE, Antônio Roque Citadini, ao dizer que Ivan havia colocado “numa fria” os secretários que assinaram o contrato, e que, justamente por isso, deveria ir ao Tribunal se justificar pessoalmente. A manobra para adiar as contas de Rafael seria, então, um gesto de benevolência política do governo Ivan para evitar a mão pesada dos opositores em relação a suas próprias contas futuramente?
HORAH – Informação é tudo