Terra de área doada ao Senai, ‘vendida’ a empresário, vira polêmica entre vereadores

Terra retirada da área doada pelo município ao Senai foi levada para terreno particular, no Centro (FOTO: Arquivo pessoal/Fábio Souza)

Caminhões com terra removida de área doada pela prefeitura para o Senai construir escola em Jaú vira polêmica na sessão da Câmara Municipal desta semana. Tudo porque o vereador Fábio de Souza filmou os caminhões da empreiteira responsável pelo serviço descarregando a terra em terreno particular no centro, propriedade de um dos maiores fabricantes de calçados da cidade. “A terra não foi dada, foi comprada”, afirmou o vereador Tito Coló em defesa do empresário, cujo nome não foi falado por nenhum dos vereadores. Segundo ele, a empresa “negociou aonde iria colocar a terra” retirada da área antes de começar o serviço.

Terraplanagem da área de 10 mil m2 ao lado do CAIC, onde Senai fará escola (FOTO: Arquivo pessoal)
Vereador seguiu caminhões para saber para onde estavam levando a terra (FOTO: Arquivo pessoal)
Fábio entende que a administração devia ter exigido a terra para uso do município (FOTO: Reprodução/TV Câmara)
Chico esbravejou por achar o assunto sem cabimento (FOTO: Reprodução/TV Câmara)

Fábio deixou claro que não criticava a obra nem tampouco o direito da empresa de vender a terra, mas a forma como aconteceu. “O município precisa de terra, que é muito cara. Ela devia ser depositada numa área do município para ser usada em aterros e onde mais for necessário, em benefício da cidade e da população. A administração não pensou nisso”, ponderou, questionando o descarregamento em terreno particular: “Com qual critério? A mando de quem? Quem autorizou? Quem indicou?”. Fábio entende que ao doar 10 mil m2 de área nobre para o Senai, o gestor público deveria ter imposto condicionantes, entre elas a destinação do descarte de terra, visto que a carga de um caminhão é negociada em torno dos R$ 500, valor alto demais para a maioria da população assalariada. “Se não é ilegal o que foi feito, pra mim é imoral”, observou.

Sócio de um, parente de outro e amigo em particular de alguns vereadores aliados do prefeito Jorge Cassaro, o dono do terreno beneficiado com a terra teve vários discursos em defesa dele, sendo citado como “grande gerador de empregos”, pessoa de bem “que não precisa disso” etc. Vereador Influente na atual gestão, Chico Quevedo foi um dos mais enfáticos: “Deu buchicho aí no rádio (programa HORAH na Rádio Piratininga) de carregar terra, tirar terra, é terra de quem… Terra é do Senai, o terreno foi doado pra ele”, falou na tribuna. “Não sei pra quê falar um negócio desse. Vai atrás de caminhãozinho de terra, que é 500 real… coisa de gente que não tem o que fazer”, esbravejou até avermelhar o rosto e fazer saltar as veias do pescoço.

HORAH apurou junto a documentos oficiais e públicos, entre os quais do cartório de registro de imóveis e da Jucesp (Junta Comercial do Estado), que o terreno para onde a terra foi levada na Rua Tenente Lopes, Centro, pertence à empresa BPY Participações Ltda., propriedade de Paulo Sérgio Cruzera e família, próspero empresário mais conhecido como Paulo da Dandara. “Se o empresário está comprando essa terra, que apresentem as notas fiscais, os pagamentos, e pronto. Eu tenho mandato, estou aqui para representar o povo e vou continuar fiscalizando. Quem intermediou isso devia ter olhado primeiro as necessidades do município, porque terra é muito caro. É isso que eu penso”, concluiu Fábio Souza.

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