“VAI INUNDAR DE NOVO, FAÇAMOS ALGUMA COISA”, alerta especialista

Fórum das Águas aconteceu na Câmara Municipal (FOTO: Reprodução/Ass.Imprensa)

FÓRUM DAS ÁGUAS DISCUTE AÇÕES REGIONAIS ANTIENCHENTES, COBRA LIDERARANÇA JAUENSE,  MAS APONTA FALTA DE ‘PESO POLÍTICO’

“Vai inundar de novo, façamos alguma coisa. O Executivo é o responsável por conduzir as ações pra gente conseguir resolver esses problemas” – alertou e recomendou o especialista Jozrael Henriques Rezende, professor da Fatec e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré. Ele presidiu mesa-redonda que discutiu medidas antienchentes durante o I Fórum Jauense das Águas realizado na Câmara, nesta 3ª feira (22), em comemoração ao Dia Mundial da Água.

Prof. Jozrael presidiu mesa-redonda à tarde (FOTO: Reprodução/TV Câmara)
Eduardo Romão, da Associcana: “à disposição” (FOTO: Reprodução)

Na opinião dele é urgente adotar um “sistema de monitoramento e alarme em tempo real”, já para o próximo ano hidrológico, que começa em outubro, para evitar que a população ribeirinha seja pega novamente de surpresa e amargue mais prejuízos e até mortes. “Isso precisa fazer agora, assim como a limpeza do rio e a garantia da estabilidade dos taludes fluviais, senão vai começar a cair ponte por aí”, disse o professor.

Ele observou que “tem muita coisa errada acontecendo”, referindo-se a bairros feitos em locais indevidos, a falta de um sistema de drenagem eficiente e a práticas agrícolas que deixam a terra sem cobertura vegetal e cordões de nível. “Detectamos áreas de 600 a 800 hectares de solos nus na bacia do Jaú, que contribuem muito para o assoreamento e a força com que a água chega ao rio”, relatou. Ele defende mudanças e uma nova mentalidade. “Temos um déficit de quase 6 mil hectares de mata ciliar na bacia do Jaú e o que estamos fazendo para recuperar isso?” – questionou. Presente ao Fórum, o presidente da Associcana, Eduardo Romão, elogiou a iniciativa e se colocou à disposição para discutir alternativas.

Mário Pavani, supervisor técnico da Raízen: “empresa aberta à discussão” (FOTO: Reprodução)

Jozrael lamentou ainda a falta de representatividade política de Jaú, que poderia ajudar na obtenção de recursos para obras antienchentes. “Jaú não tem peso político. A prova está neste evento, que não conseguiu trazer ninguém do governo aqui”, constatou. Ele lembrou que Jaú deve liderar a região, que as ações precisam envolver todos os municípios da bacia do rio Jaú e que “amanhã, prefeitos e vereadores tinham que estar lá em São Paulo atrás de recursos, já que eles (do governo) não vieram aqui”. Ainda mais porque o governo lançou programa antienchentes que deve disponibilizar R$ 90 milhões aos municípios.

O Fórum das Águas foi realizado em dois períodos e contou com presença de prefeitos da região, representantes do DAEE, Fatec Jaú, USP São Carlos, Comitê Tietê-Jacaré, Comdema e outros órgãos e entidades. Pela manhã foi traçado um panorama da bacia do rio Jaú e propostas técnicas contra enchentes. Pessoas ligadas ao agronegócio também estiveram presentes, inclusive do Grupo Raízen, por meio do supervisor de topografia Mário Pavani, que foi objetivo: “Trabalhamos no sentido de desenvolver técnicas para ter a contenção da água e a absorção no solo. A Raízen é uma empresa aberta à discussão”. O evento foi aberto ao público no Legislativo e transmitido ao vivo pela TV Câmara.

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