Vem confusão por aí – PROJETO QUE AUTORIZA PROVAS COM CAVALOS VIRA POLÊMICA ANTES AINDA DE SER DISCUTIDO NA CÂMARA

Leandro Passos e o prefeito Ivan na apresentação de projeto para reativar recinto da ExpoJaú (FOTO: Reprodução)

GRUPO DE DEFESA DOS ANIMAIS SE MOBILIZA NAS REDES SOCIAIS; MATÉRIA É PROPOSTA POR 6 VEREADORES EM JAÚ

 

Vem muita polêmica por aí. Seis vereadores estão propondo o Projeto de Lei 60/2021 para reconhecer e autorizar provas com cavalos como Patrimônio Histórico e Cultural de Jaú. Para acalorar ainda mais o debate, eles pedem que a votação seja de urgência, o que pode ocorrer na sessão desta 2ª feira (2). Ativistas da causa animal já se mobilizaram contra o projeto e prometem muito barulho.

 

O projeto leva a assinatura de Chico Quevedo e Bill Luchesi (Cidadania), Fábio de Souza (PSDB), Jefferson Vieira (PL), Chupeta (PP) e Leandro Passos (PSD), que afirmam que as provas equestres “são práticas esportivas que retratam a vida no capo”, “reconhecidas como expressões artísticas de manifestação cultural” e, algumas delas, “olímpicas”.

Entre as provas estão as dos 3 tambores e 6 balizas, consideradas cruéis para os animais. Elas estão entre as proibidas pela Lei 4.810/2013, do então vereador Charles Sartori, por envolverem “direta ou indiretamente maus tratos e crueldade”. A multa inicial é em torno dos R$ 15 mil e dobra na reincidência. Tais provas também seriam inconstitucionais (Artigo 225).

A proposta dos vereadores tem o apoio do prefeito Ivan Cassaro (PSD). Semana passada, em vídeo feito no antigo recinto de exposições, que prometeu revitalizar com muros, academia ao ar livre e eventos, Ivan disse: “O que a gente tá conversando com a Câmara é menos montaria, e o restante vai ser apresentado pela Secretaria dos Animais, não judiciando dos animais, como a lei prevê, mas sim prova do tambor, prova do laço e outras também”.

Ativista da causa animal, Mariana Bedesco Zampieri integra grupo que se mobiliza nas redes sociais contra o projeto. “Os animais são submetidos a instrumentos, esforço além da conta, movimentos e outras ações que causam dor, sofrimento e lesões comprovadas cientificamente, inclusive por laudos”, disse ao HORAH. Freios que chegam a abrir cortes na língua dos cavalos e esportas e chicotes que machucam, estão entre os instrumentos abominados pelo grupo. Animais gravemente feridos ficam com sequelas; outros acabam sacrificados, segundo os estudos apontados por Mariana.

Puxão forte nas rédeas provoca pressão de 300 kg por centímetro quadrado na boca do cavalo, dizem estudos (FOTO: Reprodução web)

A movimentação no grupo está intensa e promete aumentar. “Nosso objetivo é convencer os vereadores a votarem contra o projeto. Queremos conscientiza-los de que as provas equestres causam dor, sofrimento e lesões, por isso não devem ser legalizadas”, enfatizou Mariana. Curiosamente, o projeto não prevê revogação das disposições contrárias (ou seja, a lei de 2013 seguiria valendo e proibindo tais práticas em Jaú) e impõe reconhecimento que só cabe ao IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), além de ser inconstitucional, pontos que o grupo pretende usar contra a matéria.

Ferimento que seria causado por esporas (FOTO: Reprodução web)
Nas provas, cavalos apanham de chicote, levas esporadas e o freio machuca a boca, dizem os defensores dos animais (FOTO: Reprodução web)

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