Vergonhoso – CRISE NA LAVA JATO ENVOLVE DELAÇÃO DE PROPINA A 2 EX-PREFEITOS DE MARÍLIA

Ticiano, irmão do ministro Dias Toffoli, foi derrotado por Vinícius Camarinha (à esq) em 2012: os dois teriam recebido propina da OAS, segundo delação premiada (FOTO: Acervo HoraH/Divulgação)

O pedido conjunto de afastamento dos 6 procuradores da Lava Jato, encaminhado à Procuradora-Geral da República Raquel Dodge, acendeu uma tremenda polêmica que envolve duplamente a cidade de Marília. Dodge deu parecer pelo arquivamento de trechos da delação premiada do empreiteiro Léo Pinheiro, da construtora OAS, que citam Ticiano Toffoli, ex-prefeito de Marília, que é nada mais nada menos do que irmão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.

ESGOTO – Para tal iniciativa, Dodge contaria com o apoio de Dias Toffoli, segundo reportagem do jornal O Globo, que explodiu em repercussão nacional. Trechos que envolvem também o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, tiveram o mesmo parecer da Procuradora-Geral. Como já noticiou HORAH, Léo Pinheiro narrou o passo-a-passo de propina paga a Ticiano, em troca de licitação ‘direcionada’ vencida pela OAS para a obra do esgoto, e de dinheiro de caixa 2 para a campanha de 2012. Maia também teria sido beneficiado por caixa 2.

VERSÃO DE DODGE – A reação dos procuradores da Lava Jato foi imediata: Luana Vargas, Maria Noleto, Raquel Branquinho, Victor Riccely, Herbert Mesquita e Alessandro Oliveira apresentaram pedido coletivo de afastamento. Dodge negou qualquer tipo de protecionismo e afirmou que atua unicamente com base nos princípios constitucionais. O restante da delação do empreiteiro, preso pela PF, foi homologado pela Procuradora-Geral.

Dinheiro pago inicialmente a Ticiano (ao fundo), teria sido para ‘comprar’ a renúncia de Bulgarelli, o então prefeito, que deixou o cargo em março de 2012 (FOTO: Reprodução HoraH)

PROPINA – Na delação, o empreiteiro afirmou ter pago propina de R$ 1 milhão a Ticiano, para ‘comprar’ a renúncia do então prefeito Mário Bulgarelli, que deixou o cargo em março/12. Com a renúncia, o irmão do ministro, que era vice, assumiu o cargo e fez a licitação do esgoto. A negociação teria sido feita com Ticiano e o então presidente do DAEM, Antonio Carlos Vieira, o Sojinha. Ao longo do processo de licitação, Ticiano candidatou-se à reeleição e buscou mais R$ 1,5 milhão com a OAS para a campanha, segundo Léo Pinheiro. Apesar de derrotado, Sojinha ainda teria ido à construtora atrás de mais R$ 1 milhão para pagar dívidas de campanha.

Contrato com OAS foi assinado na gestão de Vinícius, que também teria pedido e recebido propina da empreiteira, segundo delação (FOTO: Reprodução Internet)

VINÍCIUS – O vencedor das eleições foi Vinícius Camarinha, hoje deputado estadual. Coube a ele, como prefeito, em 2013, concluir a licitação do esgoto com a OAS. E também ele teria recorrido à construtora para receber “pagamento de vantagem indevida no importe de 3% do valor da obra (orçada, na gestão Vinícius, em R$ 106 milhões)”, delatou Léo Pinheiro. Os pagamentos teriam sido feitos até março/14; depois, investigada pela Lava Jato, a OAS abandonou a obra e o contrato com a Prefeitura foi rescindido.

VEJA DETALHES DA DELAÇÃO DE LÉO PINHEIRO:

HORAH – Você sabe das coisas